A edição 2025 da Operação Mata Atlântica em Pé colocou o Paraná no centro das ações de fiscalização ambiental, com números expressivos no combate à destruição do bioma. Coordenada pelo Ministério Público do Paraná (MPPR) e executada pelo Instituto Água e Terra (IAT), a iniciativa reforça o esforço conjunto para conter a perda de vegetação nativa.
Entre 21 e 28 de setembro, um grupo de 23 agentes do órgão ambiental percorreu 19 municípios do Estado e identificou 293,98 hectares ilegalmente desmatados — área equivalente a cerca de 300 campos de futebol. Durante esse período, foram lavrados 226 Autos de Infração Ambiental (AIA), que somaram R$ 2.959.500,00 em multas administrativas.
A força-tarefa e seus resultados no Paraná
Além de coibir a supressão de vegetação, a operação teve como objetivo verificar o cumprimento dos embargos já aplicados em edições anteriores, garantindo que as áreas embargadas estivessem em processo de recuperação ambiental. Segundo o gerente de Monitoramento e Fiscalização do IAT, Álvaro Cesar de Goes, a fiscalização é estratégica para interromper o ciclo de uso irregular das terras. “A ação deu enfoque também à verificação de embargos aplicados, avaliando se as áreas estavam em recuperação de vegetação, conforme prevê a legislação, ou se permaneciam sendo utilizadas mesmo após o embargo”, destacou.
Os números confirmam o impacto da fiscalização: no acumulado de 2025, a operação já mapeou 1.143,58 hectares de áreas degradadas no Estado, resultando em R$ 9.960.425,00 em multas administrativas. Além das penalidades financeiras, os responsáveis podem responder judicialmente nas esferas cível e criminal, e tiveram registros de suas propriedades rurais restringidos por força das sanções administrativas.
Redução expressiva do desmatamento
Em comparação com 2024, os dados revelam uma redução significativa na área total danificada e no valor das autuações. Houve queda de 38% na extensão de vegetação devastada e de 41,7% nos valores aplicados em Autos de Infração Ambiental. Essa tendência acompanha os números apresentados pelo Relatório Anual do Desmatamento (RAD) do MapBiomas, que registrou diminuição de 64,9% na supressão ilegal de Mata Atlântica no Paraná em 2024, passando de 1.230 hectares em 2023 para apenas 432 hectares no ano seguinte. Em quatro anos, a queda acumulada chegou a 95%, colocando o Estado como o terceiro melhor desempenho proporcional do país, atrás apenas do Distrito Federal e de Goiás, e com o dobro da média nacional — que registrou redução de 32,4% no mesmo período.
A dimensão nacional da Operação Mata Atlântica em Pé
O esforço não se limitou ao Paraná. Em 2025, a iniciativa permitiu identificar 12.327 hectares de supressão ilegal de vegetação nativa do bioma em todo o Brasil, resultando em multas que somaram R$ 116 milhões. Além do território paranaense, a operação aconteceu simultaneamente em estados como Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Goiás e Mato Grosso do Sul.
No Paraná, as cidades que registraram desmatamento ilegal durante a edição 2025 incluem São Jorge D’Oeste, Nova Esperança do Sudoeste, Enéas Marques, São João, Quedas do Iguaçu, Dois Vizinhos, Planalto, Francisco Beltrão, Laranjeiras do Sul, Espigão Alto do Iguaçu, Cantagalo, Salto do Lontra, Capanema, Virmond, Santa Izabel do Oeste, Cruzeiro do Iguaçu, Nova Prata do Iguaçu, Pérola D’Oeste e Barracão.
Fiscalização contínua e perspectiva ambiental
A Operação Mata Atlântica em Pé demonstra a importância da vigilância permanente para reverter danos ambientais e consolidar políticas públicas de proteção. No Paraná, a união entre órgãos estaduais e federais — como o Batalhão de Polícia Ambiental Força Verde e a Superintendência do Ibama — tem ampliado o alcance das ações e trazido resultados concretos, tanto no combate ao desmatamento ilegal quanto na recuperação das áreas degradadas.
Com números expressivos e redução contínua da devastação, o Estado reforça seu papel de referência nacional no controle da supressão ilegal da Mata Atlântica, evidenciando que a fiscalização rigorosa e a responsabilização dos infratores são ferramentas indispensáveis para proteger um dos biomas mais ricos e ameaçados do país.