O Paraná viu os registros de incêndios florestais despencarem em agosto, numa queda que chegou a 50% em comparação com o mesmo mês de 2024. Apesar da retração expressiva, o clima de alerta está longe de ser deixado de lado. Isso porque, só nos dez primeiros dias de setembro, o Corpo de Bombeiros Militar do Estado já atendeu a 5.770 ocorrências envolvendo fogo em vegetação — um número que, embora menor, segue preocupante diante da previsão de tempo seco para as próximas semanas.
As regiões Norte e Norte Pioneiro, com destaque para a cidade de Londrina e seu entorno, continuam figurando entre as mais atingidas, somando 411 registros em menos de duas semanas. A combinação entre estiagem, ventos e descuido humano tem potencial para acelerar a propagação das chamas, mesmo em áreas que vinham apresentando estabilidade nos últimos meses.
Integração e planejamento ganham força
Em resposta ao cenário climático e às ocorrências recentes, o Corpo de Bombeiros promoveu um encontro estratégico que reuniu órgãos ambientais, Defesa Civil, pesquisadores, brigadistas e representantes de comunidades locais. O objetivo foi traçar um panorama atualizado dos atendimentos e reforçar as ações preventivas e de resposta rápida aos incêndios.
Durante a reunião, foi destacada a ativação de um novo contrato que permitirá o uso de aeronaves especializadas no combate direto ao fogo. O reforço aéreo vem somar esforços às 87 brigadas municipais já formadas no Estado, além de equipes fixas em unidades de conservação e de voluntários capacitados.
Outro ponto relevante abordado foi o trabalho realizado por brigadas indígenas e quilombolas em áreas mais remotas. Essas iniciativas, segundo as autoridades, têm papel essencial não apenas no enfrentamento ao fogo, mas também na promoção de ações educativas junto às populações locais — estratégia que tem se mostrado eficiente para reduzir o uso inadequado do fogo em práticas agrícolas e descarte de resíduos.
Setembro deve ser um mês crítico para queimadas
Apesar da redução nas estatísticas de agosto, os especialistas do Simepar (Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná) alertam para a intensificação do tempo seco em setembro. A previsão aponta para chuvas localizadas e insuficientes para manter a umidade do solo em níveis seguros. Isso eleva substancialmente o risco de queimadas descontroladas, principalmente em áreas de vegetação seca acumulada.

Diante desse panorama, o Corpo de Bombeiros reforça orientações importantes à população. A principal delas é evitar qualquer tipo de queimada para eliminação de lixo, móveis velhos ou restos vegetais — um hábito ainda comum em regiões rurais e que pode sair do controle rapidamente em dias de vento forte e calor.
Além disso, manter aceiros bem definidos nas propriedades rurais e separar áreas de vegetação com faixas de solo exposto são medidas preventivas que ajudam a impedir a propagação do fogo. A destinação correta dos resíduos sólidos e o descarte responsável de bitucas de cigarro em rodovias e trilhas também continuam sendo atitudes indispensáveis durante o período de estiagem.
Monitoramento constante e cultura da prevenção
O comandante-geral do CBMPR, coronel Antonio Geraldo Hiller Lino, reforça que o combate aos incêndios vai além do atendimento emergencial. “Teremos um período de desafios intensos pela frente, e as soluções passam necessariamente pela integração entre forças, informação qualificada e pela mudança de comportamento das pessoas. O uso consciente do fogo e o respeito ao meio ambiente são pilares fundamentais dessa luta”, pontua.