Em um cenário de pressões internacionais e reações imediatas do comércio exterior, o Porto de Santos protagonizou, em julho, um marco sem precedentes em sua história: a movimentação de mais de 17 milhões de toneladas em cargas, impulsionada por um forte aumento nas exportações brasileiras após o anúncio de tarifas de 50% aplicadas pelos Estados Unidos sobre produtos nacionais.
O dado, divulgado pela Autoridade Portuária de Santos (APS), indica não apenas um feito estatístico, mas o reflexo direto de um movimento estratégico de escoamento de mercadorias em resposta a medidas econômicas externas. “Já tínhamos afirmado na primeira quinzena do mês que havia um aumento expressivo dos embarques no porto”, destacou o presidente da APS, Anderson Pomini, ao comentar os números preliminares. Para ele, o que se viu foi o chamado “recorde dos recordes”, com Santos assumindo um papel decisivo em mais um momento-chave do comércio internacional.
Reação imediata à imposição de tarifas
A alta expressiva na movimentação portuária ocorre poucos dias após os Estados Unidos anunciarem a imposição de tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros, especialmente nos setores de aço, alumínio e alimentos processados. Em resposta, houve uma corrida logística para antecipar embarques e garantir que contratos fossem cumpridos antes da vigência das novas cobranças.
Segundo a APS, essa reação foi sentida diretamente no fluxo de navios nos terminais. “Nos últimos dias, houve intenso movimento de embarcações sendo carregadas e seguindo rumo à Europa e aos Estados Unidos”, apontou a nota oficial.
Avanço nas principais categorias de carga
Com esse cenário de urgência comercial, os números registrados em julho surpreenderam pela velocidade e abrangência. O embarque de granéis sólidos, como soja, milho e açúcar, cresceu 10% em relação ao mesmo período do ano passado, representando cerca de 900 mil toneladas a mais.
Também houve expansão no transporte por contêineres, com alta de 4%, alcançando aproximadamente 200 mil toneladas movimentadas. Já a carga solta — como veículos, maquinários e grandes equipamentos — aumentou 9%, totalizando 85 mil toneladas. Segundo a APS, ainda está pendente o fechamento dos números relacionados aos graneis líquidos, como combustíveis e solventes, mas a expectativa é de uma alta próxima a 10% também nessa categoria.