As últimas semanas têm revelado um cenário de aperto no mercado da mandioca, refletindo diretamente na elevação dos preços da raiz. Em praticamente todas as regiões monitoradas pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a disponibilidade da matéria-prima permaneceu baixa, consequência de dois fatores principais: o pouco interesse na comercialização das raízes de primeiro ciclo e a persistência de um clima mais seco, que limitou o avanço dos trabalhos no campo.
O impacto dessa combinação se refletiu de forma clara nos números. Entre os dias 8 e 12 de setembro, o preço médio da tonelada de mandioca posta fecularia chegou a R$ 487,54 — equivalente a R$ 0,8479 por grama de amido —, marcando o maior valor registrado nas últimas oito semanas. O avanço semanal foi de 4,3%, configurando a alta mais expressiva desde outubro de 2021, segundo levantamento do Cepea.
Produção industrial desacelera com menos matéria-prima
A limitação na oferta também influenciou diretamente o ritmo das fecularias. De acordo com os dados atualizados do Cepea, o volume de mandioca esmagada pelas indústrias atingiu 43,7 mil toneladas na semana analisada, o que representa uma queda de 8% em comparação ao período anterior. No acumulado da primeira quinzena de setembro, o recuo chega a 20% frente ao mesmo intervalo do mês de agosto.
Essa retração resultou em um aumento significativo da ociosidade industrial, que chegou à média de 60,8% da capacidade instalada — um reflexo direto da dificuldade de manter um fluxo constante de matéria-prima para o processamento.