Resumo
• A primeira exportação direta de goiaba de Carlópolis para a Europa marca um avanço histórico, elevando o valor da fruta e fortalecendo o Norte Pioneiro no comércio internacional.
• Com Indicação Geográfica e certificação GlobalGAP, a goiaba conquista mercados exigentes, assegurando qualidade, rastreabilidade e práticas agrícolas sustentáveis.
• A COAC amplia sua independência comercial ao negociar sem intermediários, garantindo maior margem aos produtores e entregando uma fruta mais fresca ao consumidor europeu.
• A conquista é resultado de anos de trabalho técnico conjunto entre cooperativa, instituições públicas e parceiros que estruturaram a produção com padrão internacional.
• A venda direta inaugura nova fase para a cadeia produtiva, ampliando oportunidades, aumentando a competitividade e consolidando a reputação da goiaba de Carlópolis no exterior.
A chegada da primeira carga de goiaba de Carlópolis à Europa marca um capítulo decisivo para a fruticultura do Norte Pioneiro do Paraná. A remessa, enviada no dia 20 de novembro e composta por 420 quilos de fruta fresca, não apenas inaugurou as exportações diretas da Cooperativa Agroindustrial de Carlópolis (COAC), mas também reafirmou o valor de uma produção que alia tradição, organização e rigor técnico. O preço pago pelo lote — três vezes superior ao praticado no mercado interno — evidencia o quanto a fruta paranaense já dialoga com mercados que reconhecem qualidade e rastreabilidade.
Embora o país de destino ainda esteja sob cláusula contratual, o fato de a operação ter ocorrido por transporte aéreo revela o compromisso com a entrega rápida e com a preservação das características sensoriais da fruta, cada vez mais valorizadas pelos compradores internacionais.
Exportação direta: um novo ciclo para os produtores
A operação representa um avanço que vai além do transporte da fruta. Ao negociar sem intermediários ou traders, a cooperativa inaugura uma dinâmica comercial capaz de ampliar a margem dos produtores e fortalecer estratégias futuras de internacionalização. A venda direta, entretanto, não elimina a importância dos traders, que seguem como alternativa para rotas e mercados específicos.
Para a COAC, esse movimento inaugura uma fase esperada há anos. Como explica Inês Yumiko Sasaki, presidente da cooperativa, a conquista tem impacto direto tanto na rentabilidade quanto na experiência do consumidor. “Era um desejo antigo nosso, porque aumenta a margem de lucro e diminui o tempo de translado da fruta. Isso significa que o consumidor final vai poder comprar uma goiaba mais fresca e doce”, afirma.
Reconhecimento internacional e certificações que abrem portas
A reputação da goiaba de Carlópolis não surgiu por acaso. Reconhecida pela Indicação Geográfica (IG) e certificada pelo GlobalGAP, a fruta reúne atributos essenciais para ingressar nos mercados mais exigentes do mundo: padronização, rastreabilidade, sustentabilidade e práticas agrícolas alinhadas às normas internacionais.
Eduardo Brandão, diretor executivo da Abrafrutas, lembra que acompanha a evolução da cooperativa desde 2017, quando a fruta foi apresentada internacionalmente na Fruit Attraction. Desde então, a qualidade e a organização da cadeia produtiva chamaram atenção de compradores estrangeiros. “Esta é a primeira de muitas exportações diretas que virão pela COAC, pois tenho a certeza de que é a melhor goiaba do mundo”, projeta.
A história recente mostra um caminho construído com consistência. Entre 2020 e 2024, mais de 340 toneladas foram enviadas à Europa por meio de intermediários. A venda direta, agora consolidada, tende a ampliar os lucros e impulsionar a expansão da área plantada na região.
Construção de mercado e estratégia de longo prazo
O avanço internacional também é resultado de articulações feitas ao longo de anos, especialmente durante feiras como a Fruit Attraction, em Madri. Foi lá que a COAC e a empresa Xportare, facilitadora das operações internacionais, estabeleceram mais de 20 contatos com potenciais compradores europeus. O compromisso firmado no evento foi cumprido pouco mais de um mês depois, quando o primeiro lote chegou ao continente.
Júnior Silveira, diretor da Xportare, ressalta que há anos buscava produtores brasileiros capazes de atender integralmente às exigências do mercado europeu. Além da aparência da fruta, fatores como documentação, normas fitossanitárias e controle de resíduos são determinantes para conquistar compradores. “Além da qualidade da fruta, a COAC atende às rígidas normas de segurança e aos requisitos fitossanitários e de documentação exigidos pela União Europeia”, explica.
Uma trajetória construída com parceria técnica
O reconhecimento da goiaba de Carlópolis como produto de excelência começou em 2015, quando o potencial produtivo da região foi identificado e mapeado. O trabalho conjunto entre prefeitura, Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab) e Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) foi decisivo para capacitar produtores, aprimorar práticas agrícolas e consolidar padrões de qualidade.
O resultado desse esforço se expressa na fruta que hoje chega à Europa com identidade própria, fruto da união entre tradição regional e exigências internacionais.
Certificações que sustentam a confiabilidade
O processo de valorização da goiaba de Carlópolis passa diretamente pela adoção de certificações reconhecidas mundialmente. A GlobalGAP estabelece critérios de Boas Práticas Agrícolas que envolvem segurança do alimento, cuidado ambiental e bem-estar dos trabalhadores. Já a Indicação Geográfica, concedida à região, garante origem e autenticidade, atributos essenciais para mercados premium.
Além disso, a cooperativa adota protocolos rigorosos de controle de resíduos, atendendo aos limites exigidos pela União Europeia, frequentemente inferiores aos padrões legais. Esse compromisso tem contribuído para consolidar a imagem do produto como referência em qualidade.
A chamada “poda escalonada” também é fundamental para manter a oferta contínua durante o ano. Ao dividir a frutificação da goiabeira em etapas, os produtores garantem regularidade na colheita, ritmo de produção e disponibilidade para exportação.
Uma nova página para a cadeia da goiaba
A exportação direta simboliza mais que uma conquista comercial: reafirma o potencial agrícola do Norte Pioneiro do Paraná e coloca a goiaba de Carlópolis em um patamar internacional de competitividade. Com boa aceitação no continente europeu, certificações sólidas e uma estratégia comercial bem estruturada, a região fortalece sua posição como referência, enquanto os produtores comemoram um momento histórico.
Como resume Júnior Silveira, “ao atender diretamente o comprador, eles podem adequar e atender ainda melhor às especificações de cada mercado”. Assim, a cooperativa amplia valor, abre novas rotas e aproxima a fruta do consumidor europeu com frescor, identidade e excelência.



