O cultivo do arroz vive um dos momentos mais desafiadores das últimas décadas no Brasil. De acordo com dados do Cepea/Irga-RS, a média do indicador do arroz em casca (58% de grãos inteiros, com pagamento à vista) atingiu em setembro o menor valor real desde 2011. Essa retração no preço, considerada a mais expressiva em 14 anos, coloca em xeque a viabilidade econômica de muitos produtores e sinaliza uma retração significativa na área plantada do país.
Além da desvalorização do grão no mercado, o setor enfrenta um cenário agravado pela escassez de crédito rural. Sem acesso facilitado a financiamento e com custos de produção que superam os preços de venda, muitos orizicultores têm repensado sua permanência na atividade. O desânimo generalizado tende a se refletir diretamente na próxima safra, cuja redução de área cultivada já é dada como certa por analistas do mercado.
Ao mesmo tempo, o varejo e o atacado também contribuem para travar a reação do mercado. As pressões nos preços do arroz beneficiado nessas etapas da cadeia têm limitado qualquer possibilidade de valorização da matéria-prima, criando um efeito cascata que sufoca o produtor na base da cadeia.
Outro fator que agrava a situação é o aumento nos custos logísticos, intensificado desde 6 de outubro, quando teve início a fiscalização da tabela de fretes da ANTT. As exigências com seguros obrigatórios e a necessidade de cumprimento dos valores mínimos de frete elevaram o custo final do transporte, afetando diretamente a competitividade do arroz no mercado interno.