Resumo
• A Conab identificou queda nos preços da cenoura no início de novembro, influenciada pelo aumento da oferta vinda de Minas Gerais, que abastece as principais Ceasas do país.
• O boletim também mostrou queda contínua da alface, além de recuos em banana e mamão, reflexo da oferta elevada e mudanças de demanda conforme o clima.
• Cebola, batata, tomate, laranja, maçã e melancia registraram altas, cada uma impactada por fatores como oscilação de oferta, sazonalidade, estoques e mudanças de polos produtores.
• As exportações de hortifrútis cresceram significativamente entre janeiro e outubro, com aumento de mais de 30% no volume e 13% na receita, impulsionando o balanço do setor.
• O Prohort destacou o papel estratégico das Ceasas no abastecimento urbano, reunindo dados de diversas capitais e reforçando sua importância para monitorar preços e oferta no país.
Os primeiros dias de novembro trouxeram um movimento importante no mercado hortigranjeiro brasileiro: a desvalorização da cenoura em diversas praças atacadistas. A tendência acompanha o avanço da produção de Minas Gerais, que segue como o maior fornecedor nacional e, por isso, exerce influência direta sobre as principais Centrais de Abastecimento do país. A análise faz parte do 11º Boletim do Programa Brasileiro de Modernização do Mercado Hortigranjeiro (Prohort), divulgado pela Conab.
Essa queda, entretanto, conviveu com oscilações ao longo de outubro, quando o comportamento dos preços variou intensamente entre diferentes Ceasas. Enquanto Curitiba registrou alta expressiva de 39,02% na média ponderada, outras praças — como Rio de Janeiro e Rio Branco — apresentaram retrações superiores a 16%. No balanço geral, outubro terminou com estabilidade quando comparado a setembro, criando o cenário que deu margem à redução observada agora em novembro.
A oferta elevada que pressiona o mercado de folhosas
Se a cenoura mostra sinais de retomada da normalidade, a alface vive um ciclo prolongado de baixa. Pelo terceiro mês consecutivo, a folhosa ampliou sua trajetória de redução nos preços, com queda média de 7,27% em outubro. Além disso, a oferta abundante tem pressionado o mercado, ao mesmo tempo em que a demanda diminui nos períodos de clima mais frio, como ocorreu em Curitiba — e isso ajuda a explicar por que a correção negativa se mantém mesmo com oscilações regionais.
Frutas que recuam e frutas que avançam
No grupo das frutas, banana e mamão apresentaram baixa na média ponderada, mas por razões diferentes. A banana sofreu influência da maior oferta da variedade prata, impulsionada pela entrada consistente de produto vindo de Minas Gerais, Bahia, Ceará e São Paulo. Já a nanica permaneceu em oferta reduzida, mantendo um desequilíbrio interno entre as variedades.
O mamão, por sua vez, começou outubro em alta devido à demanda aquecida e menor disponibilidade. Entretanto, com a chegada da segunda quinzena e o aumento da oferta, favorecido pelo clima mais quente, os preços perderam força e encerraram o mês com queda de 5,05%.
Hortaliças que encareceram e mudaram o balanço do mês
Enquanto algumas culturas recuaram, outras apresentaram avanço significativo. A cebola, após meses de baixa, voltou a subir. A média ponderada registrou aumento de 12,24%, impulsionado pela procura mais firme e pela oferta apenas ligeiramente maior — cerca de 2% acima de setembro, insuficiente para segurar os valores.
A batata teve um comportamento ainda mais marcante, com alta média de 19,35%. Embora o volume disponível tenha aumentado, os preços subiram em quase todas as Ceasas, especialmente em Curitiba, onde o crescimento ultrapassou 40%.
O tomate também mudou seu padrão recente. Depois de sucessivas quedas, registrou leve aumento de 3,97% na média ponderada. Entretanto, a entrada mais consistente de produto ao longo de outubro — sobretudo na segunda quinzena — ajudou a amortecer a alta e favoreceu uma queda já perceptível nos primeiros dias de novembro.
Oscilações entre frutas sazonais e mudanças de polos fornecedores
Entre as frutas, a laranja apresentou alta de 4,3%. A primeira metade do mês foi marcada por procura firme e oferta limitada, mas, progressivamente, a colheita ganhou ritmo e trouxe certo alívio ao mercado.
A maçã seguiu um comportamento de oscilação leve, reflexo da redução dos estoques nas câmaras frias. O mercado, sem grandes volumes disponíveis, foi marcado por pequenas altas em diferentes praças.
Já a melancia viveu um momento de transição: Tocantins encerrou a colheita, Goiás entrou na fase final e São Paulo e Bahia passaram a assumir o abastecimento. Essa mudança de polo fornecedor influenciou o comportamento da oferta, enquanto a demanda variou conforme o regime de chuvas que, tradicionalmente, reduz o interesse do consumidor.
Exportações em forte crescimento e impacto no mercado interno
O boletim também destaca o desempenho positivo das exportações. Entre janeiro e outubro, o Brasil embarcou 1,07 milhão de toneladas, aumento de 31,5% em comparação com o mesmo período do ano anterior. A receita alcançou US$ 1,19 bilhão (FOB), cerca de 13,47% acima do acumulado de 2024. Os principais destinos estão concentrados na Europa e na Ásia, reforçando a relevância comercial dos hortifrútis brasileiros.
Ceasas e sua função estratégica no abastecimento
Nesta edição, o Prohort dedica-se a apresentar a importância das Ceasas como estrutura logística essencial para o abastecimento urbano. Os dados usados no boletim são coletados em unidades de São Paulo, Campinas, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Vitória, Curitiba, São José, Goiânia, Recife, Fortaleza e Rio Branco, que juntas concentram grande parte da comercialização hortigranjeira do país.
O relatório completo, com todos os dados referentes a setembro, está disponível no 11º Boletim Hortigranjeiro 2025, no portal da Conab.



