A Raízen, uma das líderes do setor sucroenergético nacional, anunciou uma mudança significativa em sua estratégia de negócios ao fechar a venda de 55 usinas de geração distribuída. O acordo, firmado com a Thopen Energia S.A. e a Gera Holding Desenvolvedora S.A. (Grupo Gera), movimenta aproximadamente R$ 600 milhões e reforça o movimento da companhia em reciclar seu portfólio e otimizar a estrutura de capital.
Segundo comunicado oficial, a negociação envolveu 44 unidades repassadas para a Thopen e outras 11 destinadas ao Grupo Gera. As usinas, somadas, representam uma capacidade instalada de até 142 megawatt-pico e fazem parte de uma estratégia de desmobilização progressiva que deve ser concluída até março de 2026. A operação, no entanto, ainda depende do aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
O movimento marca também o fim da joint venture entre a Raízen e o Grupo Gera. A parceria tinha como objetivo fomentar soluções em geração distribuída, mas agora dá lugar a um novo ciclo para a empresa. No mesmo mês do anúncio, a companhia também oficializou a desativação da histórica Usina Santa Elisa, localizada em Sertãozinho (SP), reforçando a intenção de concentrar investimentos em frentes mais estratégicas e rentáveis.
Safra 2025/26: moagem em baixa e foco na produção de açúcar
Enquanto redefine seus ativos, a Raízen também divulgou os números preliminares da safra 2025/26 — e os dados revelam uma inflexão importante no perfil produtivo da companhia. No primeiro trimestre da safra, a moagem de cana totalizou 24,5 milhões de toneladas, uma queda acentuada em relação às 30,9 milhões registradas no mesmo período do ciclo anterior.
A produtividade também caiu, atingindo 78 toneladas por hectare. Ainda assim, o teor de ATR (Açúcares Totais Recuperáveis) permaneceu alto, com 121 quilos por tonelada, o que sustentou a decisão da empresa de priorizar a produção de açúcar. A mudança no mix — com 52% da cana destinada à produção açucareira — permitiu alcançar um volume de até 2,8 mil toneladas de açúcar equivalente.
Esse foco estratégico resultou em um salto nas vendas: foram comercializadas 995 mil toneladas de açúcar próprio no trimestre, um avanço significativo em comparação às 765 mil toneladas da safra passada. Para a Raízen, o bom desempenho da matéria-prima e os preços favoráveis no mercado justificam essa mudança de rota em meio às dificuldades climáticas enfrentadas no campo.