Resumo
- Trump anunciou a redução de tarifas sobre a importação de café, mas não especificou os países beneficiados pela medida.
- A declaração foi feita em entrevista à Fox News e reforçada pelo secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent.
- O Brasil, maior exportador de café para os EUA, ainda não foi citado oficialmente como beneficiado.
- A expectativa é que os preços ao consumidor americano caiam já no primeiro semestre de 2026.
- O governo brasileiro acompanha o caso e aguarda um posicionamento oficial dos EUA para se manifestar.
A política comercial dos Estados Unidos voltou a ganhar os holofotes após uma declaração feita pelo ex-presidente Donald Trump, que indicou que o país deve reduzir tarifas sobre produtos como o café. O anúncio, feito durante entrevista ao programa The Ingraham Angle, da Fox News, despertou expectativas em países produtores, mas trouxe poucas respostas — sobretudo em relação ao Brasil, principal fornecedor do grão para o mercado norte-americano.
“Vamos reduzir algumas tarifas e vamos deixar entrar mais café. Tudo isso acontecerá muito rápido e com muita facilidade. É um processo cirúrgico bonito de se ver. Nossos custos de importação estão muito mais baixos”, afirmou Trump, ao ser questionado sobre a alta dos preços de consumo nos Estados Unidos. A fala, embora enfática, não esclareceu quais países serão diretamente beneficiados pelas mudanças.
A ausência de nomes — especialmente do Brasil, que responde por mais de 30% do café consumido pelos norte-americanos — gerou dúvidas no setor exportador. O país sul-americano é o maior fornecedor de café para os EUA, destino de 16% das exportações brasileiras do grão. Somente em 2024, mais de 2 milhões de sacas de cafés especiais brasileiros foram enviadas ao mercado norte-americano, gerando uma receita superior a 550 milhões de dólares.
A declaração de Trump foi endossada no dia seguinte pelo secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, durante participação no programa Fox and Friends. Segundo Bessent, os americanos devem receber “anúncios substanciais” nos próximos dias. O objetivo seria conter a alta dos preços de itens importados, como café, bananas e outros produtos que não são cultivados em território norte-americano.
Ainda assim, tanto Bessent quanto Trump mantiveram o silêncio sobre o mecanismo que será adotado para reduzir as tarifas e tampouco indicaram se haverá negociações bilaterais ou alterações na estrutura tarifária multilateral. Segundo Bessent, a queda nos preços será percebida “muito rapidamente”, com reflexos esperados já no primeiro semestre de 2026, quando o governo norte-americano espera uma melhora na percepção econômica da população.
Com o histórico de liderança nas exportações e o papel de protagonista no mercado de cafés especiais, o Brasil observa a movimentação com atenção. O Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé) reforça que os EUA são um dos principais mercados consumidores do produto brasileiro, e que qualquer medida de redução de barreiras tarifárias pode ter impacto direto nas exportações nacionais.
Procurados pela Agência Brasil, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e o Itamaraty afirmaram que acompanham o caso, mas ainda aguardam um posicionamento oficial do governo dos Estados Unidos para comentar sobre os desdobramentos diplomáticos ou comerciais.
Embora as declarações tragam certo otimismo quanto ao alívio nas cadeias de suprimento e no bolso do consumidor norte-americano, a falta de transparência sobre os países beneficiados mantém o setor cafeeiro internacional em compasso de espera — especialmente os produtores brasileiros, que seguem atentos aos próximos passos da política comercial dos EUA.



