No cenário agrícola do Rio Grande do Sul, o inverno de 2025 tem se mostrado estratégico para o avanço da fruticultura. A combinação de temperaturas amenas, radiação solar adequada e manejo eficiente tem impulsionado o desenvolvimento de culturas como morango, uva, pêssego e citros, mesmo diante de alguns entraves fitossanitários e flutuações nos preços de mercado.
Em diferentes regiões do estado, a dinâmica do clima aliada ao acompanhamento técnico tem resultado em lavouras com bom desempenho e perspectivas otimistas para os próximos ciclos.
Morangos em destaque: floração intensa e preços aquecidos
A cultura do morango se sobressai em diversas regiões. Na Serra Gaúcha, especialmente em Caxias do Sul, as condições climáticas favoreceram a maturação dos frutos, mesmo com a presença de oídio em parte das lavouras. O controle fitossanitário tem exigido atenção redobrada dos produtores, mas a alta procura pelo produto — impulsionada por modismos como o “morango do amor” — mantém os preços elevados, chegando a R$ 60 o quilo na venda direta ao consumidor.

Já em Soledade, o clima ensolarado proporcionou o amadurecimento equilibrado dos frutos, com oferta e demanda em harmonia. Em Lajeado e Santa Rosa, a produção ainda está em fases diferentes, mas a floração intensa e o crescimento das plantas indicam uma temporada promissora, apesar de desafios como má polinização e doenças pontuais.
Pessegueiros reagem ao frio e mostram vigor para a safra
Nas regiões produtoras de pêssego, o frio prolongado durante o inverno tem favorecido a brotação e a uniformidade das gemas florais. Em Pelotas e Ijuí, os produtores intensificaram as podas e os tratamentos de inverno, priorizando o controle de doenças como podridão-parda. A expectativa é de que, com a retomada das temperaturas amenas em agosto, o pegamento dos frutos e o início da formação das copas ocorram de maneira eficiente. As variedades precoces, já em florescimento, indicam que o calendário produtivo está bem alinhado com as necessidades da cultura.
Videiras iniciam brotação com suporte técnico e clima propício
A viticultura também avança com solidez no estado. Em Caxias do Sul, as práticas de poda seca e adubação de inverno foram realizadas de forma coordenada, garantindo a preparação das plantas para o novo ciclo. Em Frederico Westphalen, as primeiras variedades começaram a brotar, impulsionadas pelo frio acumulado e pela aplicação de cianamida hidrogenada, quebrando a dormência das gemas. Em Santa Maria, o foco segue nos tratamentos preventivos com caldas tradicionais, contribuindo para a sanidade das videiras e o bom desenvolvimento vegetativo.
Citros em transição: entre floradas promissoras e comercialização lenta
No segmento de citros, os resultados variam conforme a região. Em Frederico Westphalen, a floração antecipada revela expectativas otimistas, enquanto em Erechim, a recente decisão dos Estados Unidos sobre a taxação de produtos anima o setor, ainda que os preços internos para variedades como a laranja Valência ainda não estejam definidos.

Na região de Lajeado e municípios como São José do Sul e Montenegro, a colheita da bergamota Montenegrina avança com qualidade elevada dos frutos, mas com frustração nos valores pagos ao produtor e lentidão nas vendas. A caixa da fruta, com 25 quilos, é comercializada entre R$ 45 e R$ 55, valores considerados baixos por citricultores que enfrentam custos crescentes de produção. A colheita da Ponkan está próxima do fim, com preços ainda mais reduzidos. Para o limão Tahiti, a comercialização está estagnada, com parte da produção sendo destinada à indústria a preços que não cobrem nem o custo da colheita.
Grãos de inverno mostram vigor e estabilidade
Além das frutíferas, as lavouras de trigo, cevada, canola e aveia-branca mantêm desenvolvimento saudável. A semeadura do trigo foi concluída dentro da janela ideal, e o estágio vegetativo avança com sanidade foliar e boa fotossíntese.
A cevada mostra uniformidade no crescimento, beneficiada pelas chuvas e radiação solar. Já a canola, apesar de enfrentar desafios no pós-plantio, compensa a baixa densidade inicial com ramificações secundárias e boa presença de polinizadores. Na aveia-branca, os cultivos respeitando o zoneamento climático têm se destacado, enquanto áreas fora do período ideal sofreram mais com as geadas de julho.