O cenário para a próxima safra de uvas no Rio Grande do Sul é de entusiasmo e confiança. Após um ciclo de frio intenso e bem distribuído, os vinhedos do estado apresentam excelente brotação e um vigor que indica uma colheita abundante e de alta qualidade para 2025/2026. O setor vitivinícola gaúcho projeta uma produção em torno de 800 milhões de quilos, um avanço expressivo em relação ao ciclo anterior, estimado em cerca de 750 milhões.
De acordo com o presidente do Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura (Consevitis-RS), Luciano Rebellatto, as condições climáticas mais equilibradas e o inverno rigoroso foram determinantes para o bom desenvolvimento das plantas. “As videiras responderam muito bem às horas de frio e ao regime de chuvas, o que deve refletir diretamente na sanidade e na produtividade da fruta”, afirma.
O inverno de 2024 foi um dos mais adequados para o cultivo de uvas na última década, com registro médio de 395 horas de frio — índice ligeiramente superior ao considerado ideal pela Embrapa Uva e Vinho, que é de cerca de 390 horas com temperaturas abaixo de 7,2°C. Esse acúmulo térmico estimulou uma brotação mais uniforme e gemas férteis, condições essenciais para a formação de cachos volumosos e saudáveis.
Segundo os técnicos da Embrapa, o equilíbrio climático ocorrido entre junho e agosto resultou em um ciclo vegetativo vigoroso. Nesta primavera, as videiras apresentaram excelente fertilidade e abundância de cachos, o que reforça as expectativas de uma safra superior em qualidade e quantidade.
Além do frio, a previsão de baixo índice pluviométrico para os meses de dezembro e janeiro também anima o setor. Nesse período, as videiras precisam de tempo seco e luminosidade intensa para o amadurecimento uniforme dos frutos. O excesso de água, ao contrário, pode comprometer a concentração de açúcares e a firmeza das bagas. Assim, um verão mais estável deve garantir uvas equilibradas, com alto potencial para vinhos e espumantes de qualidade.
Por outro lado, a influência do fenômeno La Niña, com suas oscilações térmicas entre o dia e a noite, ainda exige atenção. A variação excessiva pode afetar a fertilidade das gemas e o tamanho dos cachos, mas, até o momento, os indicadores permanecem dentro da normalidade esperada.
Com o aumento projetado na produção, o setor se prepara para expandir a elaboração de vinhos leves, brancos e jovens, categorias que vêm conquistando novos consumidores no mercado interno e externo. A expectativa é de forte aproveitamento da safra pelas vinícolas, cooperativas e indústrias de sucos, garantindo bom escoamento e estabilidade de preços.
“O setor está confiante de que a totalidade da safra será absorvida pela indústria. O consumo de vinhos nacionais vem crescendo, e o consumidor está cada vez mais atento à qualidade e à origem do produto”, destacou Rebellatto.
Um ciclo promissor para o vitivinicultor gaúcho
A combinação entre frio adequado, chuvas equilibradas e primavera produtiva cria um cenário promissor para o campo e para as vinícolas do estado. Com o solo fértil da Serra Gaúcha e o manejo técnico aprimorado, o Rio Grande do Sul reafirma seu protagonismo na viticultura brasileira, responsável por cerca de 90% da produção nacional de uvas para processamento.
Assim, a safra 2025/2026 não representa apenas números expressivos — mas um símbolo de recuperação e vigor da viticultura gaúcha, com frutos que prometem qualidade, aroma e sabor à altura da tradição dos vinhedos do Sul.



