Entre montanhas suaves e temperaturas amenas, o sul de Minas Gerais não apenas oferece paisagens encantadoras, mas também um terroir perfeito para a produção de um dos frutos mais delicados e exigentes da fruticultura: o morango. É neste cenário que Pouso Alegre, cercada pela influência da Serra da Mantiqueira, vem consolidando sua liderança nacional com uma colheita robusta, visualmente atrativa e sabor marcante.
Segundo estimativa da Embrapa, o município deve colher 52 mil toneladas de morangos em 2025, superando os números do ano anterior e mantendo sua posição de destaque entre os maiores produtores do Brasil. Essa produção não é fruto apenas do volume, mas do equilíbrio entre qualidade sensorial, rendimento agrícola e inovação tecnológica.
O clima perfeito e o uso de tecnologia avançada no campo
O diferencial da região começa pelo clima subtropical de altitude, com noites mais frescas, boa incidência de luz solar e chuvas bem distribuídas ao longo do ano. Essas características favorecem o desenvolvimento do morango com maior teor de açúcar, coloração intensa e textura firme — atributos valorizados no mercado.
Mas o fator climático é apenas uma parte do sucesso. A verdadeira revolução está nas técnicas adotadas pelos produtores locais. O cultivo semi-hidropônico em estufas, o uso de irrigação por gotejamento e a prática da condução vertical são alguns dos métodos que vêm transformando os parreirais de morango em verdadeiros laboratórios a céu aberto. Essas tecnologias reduzem perdas por pragas e intempéries, além de oferecer melhores condições de trabalho no campo e maior eficiência no uso da água e de insumos.
Agricultura familiar e inovação: uma parceria que sustenta a economia
Em Pouso Alegre, cerca de 97% da produção está nas mãos de pequenos agricultores, que encontraram nas estufas e no cultivo suspenso uma forma de aliar tradição com produtividade. A prática da renovação anual das mudas, por exemplo, garante frutos maiores, mais doces e com aparência mais uniforme — o que se traduz em maior valor agregado na comercialização.

O plantio em estufas, além de facilitar a colheita, protege a lavoura contra chuvas intensas e amplia o controle fitossanitário. Embora demande um investimento inicial mais elevado, o sistema tem se mostrado mais rentável a longo prazo, com colheitas mais frequentes e de melhor qualidade. Isso faz com que o plantio suspenso seja uma tendência crescente nos municípios de maior escala.
Além dos ganhos econômicos, a cadeia produtiva do morango na região movimenta cerca de 15 mil empregos, sendo 9,5 mil deles ligados diretamente às propriedades familiares. Cooperativas, associações e agroindústrias locais também se beneficiam, fortalecendo a economia regional e incentivando práticas sustentáveis.
Minas Gerais lidera produção nacional com ampla vantagem
Minas Gerais não apenas abriga a capital nacional do morango, como também domina com folga o ranking dos maiores produtores do país. A estimativa é que o estado alcance 190 mil toneladas em 2025, mantendo-se como líder desde 2019. A área plantada soma 3,6 mil hectares, com produtividade média estimada em 51,3 mil quilos por hectare — uma das mais altas do país, impulsionada principalmente pela mecanização e adoção de tecnologias modernas.
Além de Pouso Alegre, cidades como Espírito Santo do Dourado, Bom Repouso, Estiva e Senador Amaral também apresentam números expressivos, fazendo do sul de Minas um verdadeiro polo de excelência no cultivo do morango. A soma das cinco cidades responde por mais de 150 mil toneladas, o equivalente a 90% da produção estadual.