A tilápia criada em Mato Grosso do Sul pode em breve ganhar um novo destino internacional. Em missão comercial por países da Ásia, o governador Eduardo Riedel se reuniu com empresários da Associação de Comerciantes de Carne de Singapura e saiu de lá com um sinal verde promissor: o mercado singapurense demonstrou interesse direto em importar o pescado brasileiro, sobretudo neste momento em que os Estados Unidos impõem sobretaxas ao produto, dificultando a continuidade das exportações ao país norte-americano.
A notícia chega em boa hora para os produtores locais. Segundo o governador, duas empresas do Estado têm enfrentado dificuldades logísticas e financeiras para escoar os estoques de tilápia, uma das proteínas de aquicultura mais consumidas no mundo. A possibilidade de diversificar os compradores e entrar em um novo mercado de alto poder aquisitivo pode ser o fôlego que o setor esperava para manter o ritmo produtivo.
Conexão estratégica com o mercado asiático
O encontro em Singapura é parte da missão internacional que percorreu a Índia, Japão e, agora, finaliza sua agenda no Sudeste Asiático. Durante a visita, representantes do setor produtivo sul-mato-grossense foram apresentados a importadores locais que, além de já serem grandes compradores de carne bovina, suína e de frango do Brasil, agora avaliam positivamente o pescado como alternativa de diversificação alimentar.
“Estabelecemos a ponte entre nossos produtores e os canais de comercialização da Associação de Carnes de Singapura, que já atua com importação em larga escala. Esse tipo de articulação institucional abre oportunidades reais e imediatas”, afirmou Riedel. Ele destacou ainda que Singapura não impõe tarifas de exportação para o produto, o que torna o processo mais atrativo para ambos os lados.
Singapura já é um grande comprador de proteína brasileira
Hoje, o Brasil responde por cerca de 60% das proteínas animais importadas por Singapura, incluindo carnes de frango, suínos e bovinos. A tilápia, que antes não fazia parte desse portfólio, surge agora como nova aposta diante das barreiras comerciais impostas pelos EUA.
Essa aproximação não é isolada. Para a comitiva, composta por representantes do setor produtivo, autoridades estaduais e membros da iniciativa privada, o momento é ideal para fortalecer parcerias no continente asiático, principalmente com nações que valorizam segurança alimentar, rastreabilidade e qualidade sanitária — características que o pescado sul-mato-grossense vem aprimorando com rigor nos últimos anos.
Expectativa de novos acordos e expansão das exportações
A agenda da missão em Singapura se estende até quinta-feira (14), com encontros estratégicos marcados com empresários, representantes governamentais e potenciais compradores. A ideia, segundo o governo do Estado, é aproveitar o momento de abertura comercial para posicionar Mato Grosso do Sul como um polo sustentável e competitivo na produção de pescado para mercados exigentes.
Com a expansão das exportações de tilápia travada nos Estados Unidos por questões tarifárias, a movimentação no Sudeste Asiático pode representar não apenas uma solução pontual, mas também o início de uma nova rota comercial mais sólida, diversificada e alinhada com os interesses internacionais em alimentos sustentáveis e rastreáveis.
Para os produtores, trata-se de uma oportunidade estratégica que pode redefinir os rumos do setor aquícola no Estado. E, ao que tudo indica, Singapura pode ser apenas a porta de entrada para a tilápia sul-mato-grossense alcançar novos mares.