Em um país marcado pela diversidade alimentar e pela busca crescente por opções mais saudáveis, a tilápia desponta como a proteína animal com maior potencial de crescimento no Brasil. O que antes era um peixe típico de regiões específicas, hoje se tornou protagonista nos pratos de todo o país. A preferência não é à toa: sabor suave, preparo prático e cortes sem espinhas formam a combinação perfeita para atender ao novo perfil do consumidor — cada vez mais atento à saúde e à origem dos alimentos.
Segundo a Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), o consumo de tilápia vem crescendo em média 10,3% ao ano nos últimos 11 anos. E a expectativa é que essa curva de ascensão se mantenha firme ao longo da próxima década. Com o avanço da piscicultura no interior do país, a tilápia deixou de ser um peixe de acesso restrito ao litoral e passou a ocupar as prateleiras de supermercados e cardápios de restaurantes em todas as regiões brasileiras.
Versatilidade e padrão de qualidade impulsionam o setor
Entre os motivos que explicam esse desempenho surpreendente está a padronização do produto final. Ao contrário de espécies capturadas na pesca tradicional, a tilápia é cultivada em sistemas controlados, o que permite entregar um filé com textura uniforme, sem espinhas e de qualidade consistente — atributos fundamentais para conquistar desde chefs renomados até cozinheiros de primeira viagem.
Além disso, a praticidade no preparo e a versatilidade nas receitas fazem da tilápia uma aliada da cozinha moderna. O peixe pode ser grelhado, empanado, assado, cozido e até servido cru em pratos como ceviche, sashimi e poke. Esse leque de possibilidades contribui diretamente para ampliar seu consumo no cotidiano de diferentes perfis de famílias brasileiras.
Produção estratégica e interiorização da piscicultura
Historicamente, o peixe sempre teve seu consumo concentrado nas áreas costeiras do Brasil, fortemente dependente da sazonalidade da pesca extrativa. Com o avanço da piscicultura, esse cenário mudou. Regiões do interior, como o oeste do Paraná e o norte de Minas Gerais, tornaram-se polos de produção graças à disponibilidade de água, investimentos em tecnologia e incentivo à aquicultura sustentável.
Esse movimento garantiu uma oferta mais estável e distribuída de tilápia ao longo do ano, o que ajudou a consolidar o produto como uma das proteínas mais acessíveis e previsíveis do mercado. Em tempos de inflação elevada e instabilidade econômica, esse tipo de segurança logística tem valor estratégico para supermercados, distribuidores e para o consumidor final.
Expectativa de crescimento, mas com desafios no caminho
A projeção da Peixe BR é clara: a tilápia deve continuar crescendo em ritmo acelerado pelos próximos dez anos, repetindo os índices da última década. Esse cenário otimista se baseia tanto no comportamento do consumidor — cada vez mais inclinado a adotar uma alimentação saudável — quanto no volume de investimentos realizados e previstos por empresas do setor aquícola.
Entretanto, nem tudo são águas calmas. Entraves regulatórios, burocracia e entraves fiscais ainda representam desafios importantes para o setor. Outro fator de atenção é o impacto da perda do poder de compra da população, que pode afetar negativamente o consumo de proteínas, mesmo aquelas de bom custo-benefício como a tilápia.