Resumo
• A cinerária-marítima impressiona pela folhagem prateada e aveludada, criando pontos de luz no jardim e trazendo um efeito quase artificial pela textura macia e tonalidade etérea.
• Segundo July Dallagrana, sua cor prata remete à pureza e tranquilidade, além de se destacar em composições paisagísticas tanto em canteiros amplos quanto em vasos bem iluminados.
• Marina Vidal explica que a espécie funciona como elemento neutro, valorizando plantas coloridas e compondo projetos sensoriais e jardins inspirados em referências europeias.
• A planta exige sol pleno, solo bem drenado e regas moderadas; o excesso de umidade reduz o vigor das folhas e pode causar apodrecimento das raízes, afetando seu brilho característico.
• De baixa manutenção, a espécie deve ser adubada periodicamente e pode sofrer ataques de pulgões e cochonilhas, controlados com óleo de neem; podas suaves mantêm o formato e estimulam novos brotos.
Ao primeiro olhar, é quase impossível não se surpreender com o tom prateado aveludado que cobre as folhas da cinerária-marítima. De aparência etérea e textura macia, a Senecio douglasii – como é conhecida botanicamente – oferece ao paisagismo um contraste visual único, como se fosse feita de veludo branco esculpido à mão. Não à toa, muitas pessoas associam sua presença à ideia de pureza, serenidade e até mesmo à delicadeza de uma planta artificial. Entretanto, por trás dessa beleza exótica, há uma planta resistente, de fácil manutenção e altamente funcional no desenho de jardins contemporâneos.
Para a arquiteta paisagista July Dallagrana, a tonalidade prata das folhas confere à planta um apelo simbólico. “Devido à sua coloração, ela é associada à pureza e à tranquilidade, além de criar pontos de luz muito elegantes nos canteiros”, comenta. A textura felpuda das folhas e a sua forma recortada acentuam ainda mais esse efeito visual.
Folhagem escultural que valoriza outras espécies
Embora a cinerária-marítima possa alcançar até 90 centímetros de altura em condições ideais, sua principal contribuição ao jardim não está no porte, mas na presença cenográfica que ela proporciona às composições. É justamente essa neutralidade visual – entre o branco e o cinza claro – que permite que ela sirva de pano de fundo para espécies mais vibrantes.

A paisagista Marina Vidal, do Sapucaia Paisagismo, ressalta como essa neutralidade elegante pode ser usada a favor de projetos criativos. “Ela é muito aplicada em jardins sensoriais e europeus, como os de Versalhes e Tulherias, justamente por destacar outras espécies coloridas e por seu aspecto inusitado e tátil”, aponta. Entre as combinações mais marcantes, Marina destaca o uso da cinerária com tagetes, lobélias, sálvias, mini cambarás e forrações contrastantes, como setcrecea ou lutiela.
Além disso, a planta pode ser disposta em grandes maciços desenhados com curvas suaves, integrando-se facilmente ao solo de forma visualmente contínua, ou até mesmo cultivada em vasos bem iluminados, desde que o recipiente ofereça drenagem eficiente.
Luz abundante e regas com moderação
Acostumada ao clima mais ameno e a regiões de alta luminosidade, a cinerária-marítima exige sol pleno para expressar todo seu potencial estético. “Ela se desenvolve melhor ao ar livre, em locais bem iluminados, e também tolera bem a ação do vento, o que a torna ideal para áreas abertas ou com bastante circulação de ar”, explica July.

No cultivo em vasos, a recomendação é usar um substrato bem drenado, evitando qualquer tipo de solo encharcado. A frequência de rega deve ser moderada: o solo precisa secar levemente entre uma irrigação e outra. “O excesso de água pode comprometer as raízes, levando ao apodrecimento. E quando a planta é mantida na sombra, sua folhagem perde o vigor e o brilho prateado característico”, alerta a especialista.
Cuidados simples e beleza duradoura
Embora seja resistente, a cinerária-marítima pode ser afetada por pragas como pulgões e cochonilhas. Nesse caso, a indicação é o uso de soluções naturais, como o óleo de neem, que preservam a integridade da planta sem prejudicar o ambiente. A remoção manual das pragas também é válida em pequenos focos.
A adubação, segundo July, pode ser feita trimestralmente, com compostos orgânicos ou fórmulas equilibradas, especialmente no início da primavera e do outono – épocas que favorecem sua retomada de crescimento e renovação foliar. Já as podas devem ser pontuais, apenas para manter o formato desejado, remover folhas danificadas e evitar sombreamento das partes inferiores da planta, o que pode inibir novos brotos.
Para Marina Vidal, o segredo do sucesso está no equilíbrio entre rusticidade e beleza. “A cinerária é prática, visualmente marcante e exige poucos cuidados. É o tipo de planta que transforma o canteiro com sobriedade e sofisticação ao mesmo tempo”, conclui.



