Poucas plantas despertam tanta curiosidade quanto a barba-de-velho (Tillandsia usneoides). Essa espécie, que parece um delicado emaranhado de fios prateados pendendo dos galhos das árvores, é na verdade uma bromélia.
O que a torna especial é justamente a forma como sobrevive: sem raízes fixas no solo, ela retira sua nutrição diretamente da umidade do ar, da chuva e das partículas em suspensão no ambiente. Essa característica a transforma em um exemplo fascinante de adaptação da flora tropical.
Uma bromélia diferente das outras
Ao contrário das bromélias comuns, que formam rosetas e acumulam água entre as folhas, a barba-de-velho apresenta uma estrutura pendente que lembra fios entrelaçados. Segundo o botânico Alexandre Guimarães, especialista em flora ornamental, esse aspecto filamentoso é resultado de folhas finas cobertas por tricomas — pequenos pelos que funcionam como esponjas microscópicas, capazes de absorver rapidamente a umidade. “É um mecanismo natural que garante a sobrevivência da planta em locais onde não há solo disponível, como troncos e copas de árvores”, explica o pesquisador.

Essa peculiaridade permite que a Tillandsia usneoides se desenvolva em diferentes ecossistemas, desde áreas litorâneas até florestas mais úmidas, onde forma verdadeiros véus prateados balançando com o vento. Em projetos paisagísticos, sua aparência etérea é explorada para criar composições tropicais e até mesmo cenários suspensos em varandas e jardins verticais.
Usos no paisagismo e nos espaços urbanos
A barba-de-velho conquistou espaço em jardins residenciais e também em projetos urbanos por sua versatilidade. É comum vê-la decorando pérgolas, muros verdes e até luminárias externas, criando um efeito de cortina natural. Para a paisagista Renata Guastelli, o grande diferencial da espécie está em sua estética leve e fluida: “Ela transmite a ideia de movimento, funcionando como um tecido vivo que acompanha o vento e traz frescor para o ambiente”.
Além do apelo visual, a planta também atrai a atenção de polinizadores, como pequenos insetos, o que contribui para a biodiversidade local. Seu uso não se restringe ao exterior; com boa iluminação natural e ventilação, pode ser cultivada até em interiores, pendurada em suportes decorativos.
Cuidados simples e baixa manutenção
Embora seja uma bromélia exótica, a barba-de-velho não exige grandes cuidados. Por ser uma planta aérea, dispensa solo e pode ser cultivada apenas suspensa em fios, árvores ou suportes. O essencial é garantir boa circulação de ar e luminosidade indireta, já que o excesso de sol forte pode ressecar seus fios delicados.

A rega deve imitar as chuvas tropicais, preferencialmente por meio de borrifadas de água duas a três vezes por semana, ajustando a frequência conforme o clima. Em períodos mais secos, o ideal é intensificar a umidade ambiental, seja por nebulização ou colocando a planta próxima a fontes de vapor. Para manter seu vigor, pode-se aplicar adubação foliar diluída em água uma vez por mês.
Um símbolo de tradição e natureza
Além de seu valor paisagístico, a barba-de-velho tem presença cultural marcante. Em alguns lugares do Brasil, é usada para fins decorativos em festas populares e até como forro natural em artesanatos. Essa ligação entre estética e tradição reforça o caráter único da planta, que combina rusticidade e delicadeza em um só organismo.
Por sua resistência, beleza e facilidade de cultivo, a Tillandsia usneoides continua a despertar encantamento tanto entre jardineiros iniciantes quanto em paisagistas experientes. Suspensa no ar, a barba-de-velho parece desafiar as regras da botânica, mostrando que a natureza sempre encontra novas formas de se reinventar.



