Dentro da estética minimalista, poucas plantas conseguiram conquistar tanto espaço e significado quanto o bambu da sorte. Seu visual elegante, de caules verdes espiralados ou retos, acompanhado por folhas delicadas, não apenas compõe com charme ambientes internos, como também carrega uma simbologia forte ligada ao equilíbrio, à prosperidade e à proteção espiritual, segundo os princípios do Feng Shui.
Apesar do nome, o bambu da sorte (Dracaena sanderiana) não é um bambu verdadeiro, mas pertence à família das dracenas. Nativa de florestas tropicais da África, é uma planta de fácil adaptação, ideal para espaços internos com pouca luz natural. Justamente por isso, se tornou popular em casas, escritórios e até clínicas, especialmente quando cultivada em vasos com água. No entanto, essa fama de “planta indestrutível” pode ser enganosa: mesmo resistente, o bambu exige cuidados específicos para se manter saudável e bonito ao longo do tempo.
A importância da luz e da localização
Apesar de tolerar locais sombreados, o bambu da sorte não sobrevive sem luminosidade. O ideal é mantê-lo em ambientes com luz difusa ou indireta, evitando sol direto, que pode queimar as folhas e comprometer o crescimento. Para a paisagista Cris Bermudez, a escolha do local é o primeiro passo para garantir a saúde da planta.

“Ambientes como halls de entrada, escritórios com janelas filtradas por cortinas ou varandas cobertas são ideais. A planta reage muito bem à iluminação suave, típica de espaços internos bem ventilados.”
Outro ponto importante é girar o vaso de tempos em tempos. Como a planta tende a crescer em direção à luz, esse cuidado ajuda a manter a simetria e evitar que o caule fique inclinado.
Cultivo na água ou no substrato?
Uma das características mais curiosas do bambu da sorte é a possibilidade de cultivá-lo tanto na água quanto no solo. Embora os arranjos em vasos de vidro com pedrinhas sejam os mais comuns, o plantio em terra oferece maior estabilidade nutricional a longo prazo. Quando cultivado na água, é preciso atenção redobrada à higiene.

“O ideal é trocar a água semanalmente, mantendo sempre o nível até a metade dos caules, e adicionar algumas gotinhas de água sanitária ou carvão ativado para evitar a proliferação de bactérias”, orienta o agrônomo Eduardo Funari, especialista em paisagismo tropical. Ele acrescenta que a água utilizada deve estar livre de cloro — o uso de água filtrada ou deixada em repouso por 24 horas é o mais recomendado.
Já no cultivo em substrato, a drenagem se torna essencial. Um substrato leve, misturado com areia e composto orgânico, garante que as raízes respirem e que o excesso de umidade não gere apodrecimento.
Rega e umidade na medida certa
O bambu da sorte gosta de umidade constante, mas não de encharcamento. Por isso, mesmo quando cultivado na terra, é importante deixar o solo úmido, porém nunca encharcado. Uma boa dica é verificar a superfície do substrato com o dedo: se estiver seca ao toque, é hora de regar.
Além disso, em regiões mais secas ou durante o inverno, pulverizar as folhas com água pode ajudar a manter a umidade do ambiente em níveis agradáveis, simulando o habitat tropical da planta.
Adubação equilibrada e cuidados com as folhas
Para manter o vigor e a coloração intensa dos caules, a adubação periódica é recomendada, especialmente em vasos com substrato. O uso de fertilizantes equilibrados, como o NPK 10-10-10, pode ser feito uma vez ao mês, em pequenas quantidades. Em cultivos hidropônicos, o uso de fertilizantes líquidos diluídos é a melhor escolha, sempre com muito cuidado para não saturar a solução.

É comum que as pontas das folhas fiquem amareladas com o tempo. Nesses casos, pode ser excesso de sol, ar seco ou água com cloro. Cortar essas pontas com uma tesoura esterilizada melhora o aspecto visual, mas também é um indicativo de que os cuidados precisam ser ajustados.
Cuidados extras: vaso, temperatura e simbologia
Na escolha do vaso, tanto a estética quanto a funcionalidade importam. Para a água, prefira recipientes transparentes, que permitem acompanhar a condição das raízes. No cultivo em terra, vasos com boa drenagem e base de argila expandida ajudam no equilíbrio da umidade. O bambu da sorte prefere temperaturas entre 18 °C e 28 °C. Em ambientes muito frios, a planta pode sofrer, principalmente se exposta a correntes de ar.
Além do cuidado físico, a planta também carrega uma simbologia muito apreciada. De acordo com o Feng Shui, a quantidade de caules influencia a “sorte” que ela atrai: três caules simbolizam felicidade, cinco significam saúde, e oito representam prosperidade. “É comum presentear alguém com um arranjo de bambu da sorte como desejo de boas-vindas ou início de um novo ciclo”, afirma Cris.