O nome pode remeter à realeza, mas a flor brinco-de-princesa — ou fuchsia, em seu nome científico — é uma verdadeira aliada dos jardins tropicais e temperados. Com suas flores pendentes em tons vibrantes de rosa, vermelho, roxo ou branco, ela parece mesmo uma joia natural balançando ao vento. E não é só aparência: essa planta reúne beleza, funcionalidade e até benefícios terapêuticos pouco conhecidos, sendo, inclusive, comestível.
A estrutura floral delicada lembra pequenos sinos ou brincos antigos, com pétalas em dupla camada e forma alongada. Esse desenho singular atrai não apenas os olhares humanos, mas também beija-flores e borboletas, o que torna a fuchsia uma excelente escolha para quem deseja estimular a presença de polinizadores no jardim.
Segundo o paisagista gaúcho Pedro Vianna, a planta é versátil e fácil de cultivar, desde que respeitadas suas preferências climáticas. “Ela gosta de temperaturas amenas e não reage bem ao calor extremo. O ideal é cultivá-la em locais frescos, com bastante luz difusa e boa circulação de ar”, orienta o profissional, que trabalha com projetos paisagísticos em zonas serranas e urbanas do Sul do Brasil.
Aliás, não é coincidência que a fuchsia tenha sido eleita a flor-símbolo do Rio Grande do Sul, por meio do Decreto Estadual nº 38.400, de 1998. A planta tem origem nas regiões montanhosas da América do Sul e Central, o que explica sua adaptação natural ao clima mais fresco de estados como o gaúcho e o catarinense.
Flor ornamental, comestível e medicinal
Além de alegrar jardineiras, vasos pendentes e canteiros sombreados, a fuchsia também pode estar à mesa — literalmente. Suas flores não são tóxicas e podem ser usadas para decorar saladas, bolos e outras receitas criativas. Em algumas regiões, inclusive, a espécie é cultivada para a produção de mel terapêutico, com propriedades anti-inflamatórias.

De acordo com a engenheira agrônoma Letícia Marcondes, especialista em plantas ornamentais e suas aplicações, o mel extraído do néctar da fuchsia é tradicionalmente utilizado para amenizar sintomas de gripes e resfriados, além de atuar em quadros leves de dor de garganta e inflamações bucais. “É um tipo de mel menos comum, mas bastante valorizado em comunidades que preservam saberes botânicos”, explica. Letícia também destaca que a planta não apresenta riscos para crianças ou animais domésticos.
Em alguns países, o uso medicinal é expandido para problemas dermatológicos leves, aproveitando o poder emoliente de infusões à base da flor. Ainda assim, ela alerta: “Apesar dos relatos populares, é importante usar essas propriedades como apoio, e nunca substituir tratamentos médicos convencionais”.
Como cultivar a brinco-de-princesa com sucesso
A fuchsia é uma planta de fácil manutenção, mas que demanda alguns cuidados específicos. Por ser uma espécie herbácea escandente, costuma crescer entre 1 e 2 metros de altura, com ramos finos e arqueados. Ela se adapta muito bem a vasos suspensos, jardineiras e também ao plantio direto no solo, desde que o ambiente seja arejado, com luz indireta e protegido do sol forte da tarde.

Durante a primavera e o verão, a planta entra em seu auge de floração. É nesse período que suas flores pendem com mais intensidade, criando um efeito visual marcante. O solo ideal deve ser fértil, leve e com boa drenagem. “Misturas com terra vegetal, areia grossa e húmus costumam funcionar muito bem”, sugere Pedro.
A rega precisa ser equilibrada. Em dias mais quentes, regar três vezes por semana ajuda a manter o solo úmido sem encharcar. Já em períodos de frio ou de chuva, recomenda-se reduzir a frequência e sempre observar a umidade da terra com os dedos.
Letícia também reforça a importância da poda anual. “A remoção dos ramos secos ou mal formados estimula a brotação e renova a planta para a próxima estação. É um cuidado simples que faz muita diferença na estética e na saúde da fuchsia”, afirma.
Outro ponto positivo da espécie é a sua resiliência. Mesmo sendo sensível ao calor, a planta se adapta bem a varandas cobertas, muros com meia-sombra e até ambientes internos iluminados, como halls ou áreas de claraboia. Desde que o espaço permita que seus galhos pendam livremente, a flor se desenvolve com graça e vigor.