Originária do México, mas amplamente cultivada em regiões tropicais e semiáridas do Brasil, a Opuntia ficus-indica, popularmente conhecida como figueira-da-Índia ou palma, é uma cactácea que combina rusticidade, valor ornamental e utilidade agrícola. Presente na Caatinga, em jardins xerófitos e até mesmo em plantações comerciais, ela chama atenção por suas formas esculturais, flores vibrantes e frutos suculentos.
A planta se destaca pelas “cladódios” — as conhecidas palmas — que lembram folhas espalmadas, carnosas e cheias de espinhos finos, ou em algumas variedades, quase imperceptíveis. Em meio ao cenário seco, essas estruturas verdes funcionam como reservas de água e nutrientes, o que garante a sobrevivência em condições extremas. Mas o que realmente surpreende são as flores alaranjadas, amarelas ou arroxeadas que surgem em profusão entre a primavera e o verão, atraindo polinizadores e transformando paisagens inóspitas em cenas de cor e vida.
Versatilidade da figueira-da-Índia em diferentes usos
Muito além da estética, a Opuntia é reconhecida por seu valor nutricional. Os frutos — conhecidos como figos-da-índia — são ricos em fibras, antioxidantes e compostos anti-inflamatórios, sendo consumidos frescos ou processados em sucos, geleias e até cosméticos naturais. “É uma planta com grande potencial para a alimentação humana e animal. Em tempos de escassez hídrica, ela oferece uma alternativa viável e sustentável”, explica a engenheira-agrônoma Beatriz Vilela, que desenvolve pesquisas com culturas adaptadas ao semiárido nordestino.

Além da função alimentícia, seus cladódios são usados como forragem para o gado e até mesmo como barreiras naturais em cercas vivas, graças ao seu crescimento vigoroso e à capacidade de regeneração após cortes. Em ambientes residenciais, ganha espaço como planta ornamental em jardins de baixa manutenção, principalmente quando cultivada em canteiros com pedriscos, vasos grandes ou como ponto focal em composições tropicais ou desérticas.
Como cultivar a Opuntia com sucesso
Apesar da aparência robusta, a figueira-da-Índia exige atenção em alguns pontos para se desenvolver com plenitude. Segundo a jardineira Alice Barra, o segredo está no preparo do solo e no posicionamento adequado. “Ela deve ser plantada em substrato bem drenado, arenoso, e sempre sob sol pleno. Se for cultivada em vasos, é essencial que o recipiente tenha furos e o fundo seja coberto com argila expandida”, orienta.
A rega, por sua vez, deve ser espaçada: apenas quando o solo estiver completamente seco. Excesso de água pode levar ao apodrecimento das raízes e comprometer a saúde da planta. Em regiões muito úmidas, é recomendável protegê-la da chuva direta com coberturas transparentes ou deslocá-la para locais abrigados, como varandas ensolaradas.
Na adubação, embora a espécie não seja exigente, uma aplicação anual de matéria orgânica ou compostos ricos em potássio pode estimular a frutificação e fortalecer o sistema imunológico da planta contra pragas comuns em climas tropicais, como cochonilhas.
Quando colher e como aproveitar os frutos
Os figos-da-índia amadurecem entre o fim da primavera e o início do verão, quando atingem coloração amarelada ou rosada, dependendo da variedade. Na hora da colheita, o uso de luvas é fundamental, já que os frutos são recobertos por espinhos quase invisíveis, chamados gloquídeos. Uma vez limpos, podem ser consumidos in natura, com sabor que lembra uma mistura entre melão e pera, ou utilizados em preparações caseiras, como caldas, doces e xaropes.
Segundo Alice, além do fruto, os cladódios jovens também são comestíveis e utilizados em pratos típicos de diversas regiões do mundo, inclusive na culinária mexicana, onde são chamados de nopales. “Eles são ricos em fibras solúveis, auxiliam no controle da glicemia e ajudam na digestão, sendo ideais para quem busca uma alimentação funcional”, afirma a jardineira.