A costela-de-adão (Monstera deliciosa) se transformou em uma das plantas mais desejadas quando o assunto é decoração com verde. Com suas folhas recortadas de forma escultural e aspecto tropical marcante, ela imprime personalidade a qualquer ambiente – da sala de estar ao hall de entrada. Mas o que muitos amantes de plantas talvez ainda não saibam é que essa espécie, além de fácil de cuidar, também pode ser multiplicada em casa de forma simples, econômica e eficiente.
Aliás, fazer mudas de costela-de-adão é uma forma prática de expandir o jardim ou presentear alguém com uma planta cheia de simbolismo e beleza. Mas, para isso, é essencial entender o comportamento dessa trepadeira e respeitar suas necessidades específicas no momento da propagação.
Entendendo o comportamento da Monstera deliciosa
A Monstera é uma planta tropical originária das florestas úmidas da América Central e, como toda trepadeira, desenvolve raízes aéreas ao longo do caule. Essas raízes têm a função de fixar a planta a suportes naturais, como árvores, e são justamente elas que facilitam a reprodução por estaquia. Ou seja, a partir de um único segmento do caule, é possível gerar uma nova muda com alto potencial de enraizamento.

“É importante escolher um galho saudável, que já tenha ao menos uma raiz aérea e uma folha bem formada. Isso garante que a muda tenha reservas suficientes para se adaptar ao novo ambiente”, explica a paisagista Gabi Piccino, especialista em plantas tropicais para interiores.
Além disso, como a costela-de-adão cresce de forma escalonada, ela costuma alongar-se verticalmente, o que favorece os cortes e o reaproveitamento de partes da planta em diferentes estágios de desenvolvimento.
Como fazer a muda e garantir um bom enraizamento
O primeiro passo é selecionar um segmento da planta que contenha, ao mesmo tempo, um nó (ponto de onde saem folhas e raízes) e uma raiz aérea visível. Com uma tesoura de poda limpa, esse galho deve ser cortado abaixo do nó, de preferência em um ponto onde já haja uma pequena raiz se formando.
Em seguida, é possível optar por dois caminhos: enraizar a muda na água ou plantá-la diretamente no substrato. “Ambas as técnicas funcionam, mas a água permite acompanhar o desenvolvimento das raízes, o que pode ser mais estimulante para iniciantes”, afirma a jardineira e florista Mel Maria.
Para quem escolher a água, o ideal é usar um recipiente transparente, manter a base do caule imersa e trocar a água a cada três dias para evitar o acúmulo de microrganismos. Em cerca de duas a quatro semanas, as raízes começam a se desenvolver com mais vigor e, a partir daí, a muda pode ser transferida para o solo.
Já no plantio direto em vaso, recomenda-se o uso de um substrato leve e bem drenado, com boa presença de matéria orgânica, como uma mistura de terra vegetal com perlita, fibra de coco e húmus. O vaso precisa ter furos de drenagem e espaço suficiente para acomodar o crescimento da nova planta.
Ambiente e cuidados iniciais para o sucesso da muda
Durante as primeiras semanas, a muda precisa de um ambiente protegido, com luz indireta abundante e temperaturas estáveis. Regas regulares, sem encharcamento, são fundamentais para manter o substrato úmido e estimular o crescimento radicular.
Evite exposição direta ao sol, principalmente nas horas mais quentes do dia, já que as folhas jovens ainda são sensíveis. Umidade relativa alta também favorece o enraizamento – por isso, borrifar água ao redor da planta pode ser uma estratégia útil em climas mais secos.
Com os cuidados adequados, a costela-de-adão se desenvolve com rapidez e logo começa a emitir folhas novas, com os recortes característicos que tanto encantam. E o melhor: com uma única planta, você poderá montar um verdadeiro conjunto tropical dentro de casa, varandas ou jardins sombreados.
Um toque de exuberância, multiplicado com facilidade
Multiplicar a costela-de-adão em casa é mais do que uma atividade de jardinagem – é um gesto de conexão com a natureza, de observar o ciclo da vida e dar continuidade à beleza que já habita o ambiente. Além de prática e prazerosa, a produção de mudas permite experimentar o cultivo de forma mais afetiva e acessível.
Como lembra Gabi Piccino, “é também uma forma de perpetuar memórias. Muitas pessoas compartilham mudas de plantas como forma de vínculo emocional. Uma muda de costela-de-adão pode carregar histórias, afetos e lembranças que vão muito além da estética”.
Por isso, se você já tem uma Monstera deliciosa em casa, aproveite esse ciclo de expansão natural e crie novas mudas com consciência e cuidado. Afinal, cada folha que brota traz consigo um pouco da selva para dentro do lar.