Ao olhar de longe, pode parecer uma ilusão óptica: ramos inteiros cobertos por uma névoa rosa, como se uma nuvem tivesse descido para repousar sobre o pergolado.
Essa é a mágica da congéia (Petraeovitex bambusetorum), uma trepadeira tropical de origem brasileira que vem ganhando protagonismo em jardins de clima quente por sua beleza etérea e floração abundante. Adaptável e ornamental, a espécie tem conquistado o coração de paisagistas que buscam impacto visual com baixa manutenção.
Uma explosão de cor em forma de brácteas
A impressão de uma nuvem florida se deve, na verdade, às brácteas coloridas, estruturas que protegem as flores verdadeiras da congéia. Elas surgem em tons que vão do rosa-claro ao lilás intenso, criando um efeito visual único ao redor de pérgulas, muros e treliças. “O charme da congéia está justamente na suavidade do conjunto. Quando em plena floração, é como se a planta tivesse sido pincelada com aquarela”, explica o arquiteto paisagista Leonardo Paiva Corrêa, especialista em espécies ornamentais tropicais.

As folhas, de um verde denso, formam um pano de fundo ideal para destacar o contraste com as brácteas, e sua textura levemente aveludada intensifica o aspecto natural do conjunto. Não é à toa que a espécie é muitas vezes confundida com a bougainvillea — embora, na prática, a congéia exiba um crescimento mais lento e porte mais delicado.
Um espetáculo que exige sol, calor e espaço
Originária do Cerrado brasileiro, a congéia é uma planta que ama o sol. Ela se desenvolve melhor em locais com alta luminosidade e climas quentes e úmidos, florescendo com mais intensidade entre o final da primavera e o verão. Quando cultivada com o devido espaço e suporte, pode alcançar até 6 metros de comprimento, formando verdadeiros véus floridos ao longo de estruturas verticais.
Segundo a paisagista Bruna Faria, que já utilizou a congéia em projetos na região Sudeste, o segredo está em garantir solo fértil e bem drenado. “Ela se adapta bem ao solo brasileiro, mas precisa de matéria orgânica, espaço para expandir e regas regulares durante o crescimento. Em locais com inverno rigoroso, pode não florescer tão exuberantemente”, ressalta.
Cuidados essenciais para manter a leveza da espécie
Apesar do visual sofisticado, a congéia é relativamente fácil de cuidar. Ela prefere regas frequentes — sempre respeitando a umidade do solo, sem encharcar — e responde bem à adubação rica em fósforo e potássio, o que estimula floradas mais intensas. As podas devem ser pontuais, apenas para contenção ou limpeza de ramos secos, já que sua ramagem tende a crescer com certa liberdade.

Vale destacar que a congéia não é uma trepadeira agressiva. Por isso, pode ser conduzida com facilidade em estruturas mais leves e delicadas, como arcos decorativos ou treliças finas. Isso a torna uma excelente opção para compor jardins sensoriais ou espaços onde a estética precisa conversar com a leveza do ambiente.
Uma florada memorável, ano após ano
O ciclo da congéia costuma premiar os jardineiros pacientes: embora seu crescimento seja mais lento nos primeiros meses, quando bem estabelecida, ela se torna uma presença perene e confiável no paisagismo. Sua florada, que pode durar até dois meses, atrai olhares, elogios — e, com frequência, beija-flores.
Além disso, seu efeito visual flutuante torna a planta perfeita para quem busca criar um cenário romântico, com cara de fim de tarde tropical. Seja em residências urbanas, sítios ou varandas amplas, a congéia é sinônimo de delicadeza e exuberância, sem exigir grandes esforços.
Para Leonardo, a trepadeira representa uma das joias pouco exploradas do paisagismo nacional. “A congéia é, de certa forma, uma pintura viva. Não tem perfume marcante, mas tem cor, movimento e poesia. E isso, por si só, já é um presente no jardim.”
 


