Muito além da couve manteiga que domina as receitas brasileiras, existe um universo de variedades pouco conhecidas que encantam pelo visual e surpreendem pelo sabor. Essas couves “diferentes” vêm ganhando espaço em hortas urbanas, jardins comestíveis e projetos de paisagismo que unem praticidade e estética. Cultivá-las é também um convite à biodiversidade, além de ser uma forma de valorizar espécies adaptáveis e ricas em nutrientes.
Para a engenheira agrônoma Paula Martini, da Horta Viva, conhecer novas variedades é uma maneira de transformar a relação com o cultivo doméstico. “A diversidade é uma aliada da sustentabilidade. Quando apostamos em tipos diferentes de couve, criamos microclimas, atraímos polinizadores e enriquecemos o solo”, explica. Além disso, o cultivo dessas espécies agrega valor visual ao espaço: “São plantas que não servem só para colher. Elas decoram, criam texturas e adicionam cor aos canteiros e hortas”.
Couve crespa
Com folhas encrespadas e volumosas, a couve crespa (também chamada de kale) é uma das favoritas de quem busca um visual robusto na horta. Suas folhas vão do verde-escuro ao roxo profundo, criando um contraste elegante com outras espécies. Além do apelo estético, essa variedade é rica em fibras e antioxidantes.

Cresce bem em canteiros ou vasos amplos, desde que receba sol direto por pelo menos 4 horas ao dia. O solo precisa ser fértil, drenável e enriquecido com matéria orgânica.
Couve mizuna
De origem japonesa, a mizuna é uma couve de porte delicado, folhas recortadas e sabor levemente picante, lembrando um toque de mostarda. É ideal para quem deseja uma variedade que cresça rápido, com colheitas possíveis em menos de 30 dias após o plantio.

Segundo Paula, essa espécie se adapta bem a climas amenos e se desenvolve melhor em ambientes de meia-sombra. Seu ciclo curto permite o cultivo contínuo ao longo do ano, especialmente em vasos, jardineiras ou hortas verticais.
Couve ‘Black’
Chamada também de couve toscana ou couve dinossauro, a variedade ‘Black’ se destaca pelas folhas longas, rugosas e com coloração verde-acinzentada, quase azulada. É uma das mais resistentes ao frio e bastante produtiva, ideal para canteiros de inverno.

“Ela tem um visual escultural que funciona até em projetos ornamentais. Em algumas hortas urbanas, já vi a couve ‘Black’ usada como planta de destaque, como se fosse uma palmeira comestível”, comenta o paisagista Claudio. Para manter o vigor da planta, recomenda-se podas regulares das folhas mais velhas e adubações mensais com compostos ricos em nitrogênio.
Couve tronchuda portuguesa
Muito tradicional na Europa, especialmente em Portugal, a couve tronchuda tem folhas grandes, arredondadas e textura macia. É a variedade ideal para quem deseja produzir em maior escala, já que uma única planta pode render folhas por meses. No Brasil, ela se adapta melhor às regiões de clima ameno, como o Sul e Sudeste. Seu cultivo exige sol pleno e regas constantes, sem encharcar o solo.

O sabor suave e a textura maleável fazem dela uma estrela em caldos, recheios e refogados delicados. Paula reforça que essa é uma das variedades que mais se beneficiam de um solo rico em húmus e coberturas com palha vegetal.
Couve variegata
A couve variegata é uma verdadeira joia botânica. Suas folhas apresentam manchas claras, em tons de branco, creme ou amarelo, misturadas ao verde tradicional da espécie. Ainda pouco conhecida no Brasil, ela chama a atenção pela aparência exótica e costuma ser usada em projetos de hortas ornamentais. Segundo Claudio, é uma planta que combina muito bem com floreiras em varandas gourmet ou entradas de jardim.

“Ela entrega estética e sabor ao mesmo tempo. Pouca gente sabe, mas a couve variegata é comestível e tem um gosto suave, sem amargor”. O cultivo deve ser feito em locais com boa luminosidade indireta, solo bem drenado e adubação equilibrada com bokashi ou composto orgânico.



