A pitaya, também conhecida como fruta-do-dragão, é uma planta exótica que conquistou espaço nos pomares brasileiros, tanto pelo visual impactante de seus frutos quanto pelo sabor refrescante e levemente adocicado. Originária de regiões tropicais e subtropicais da América, ela pertence à família dos cactos e, assim como seus parentes mais conhecidos, apresenta alta resistência ao calor e baixa necessidade de cuidados complexos. No entanto, para que a frutificação seja satisfatória, é preciso conhecer seu comportamento e oferecer as condições adequadas de cultivo.
De acordo com o engenheiro agrônomo Ricardo Monteiro, especialista em fruticultura tropical, o segredo para uma pitaya saudável está no manejo correto desde a escolha do local até os cuidados de manutenção. “Apesar de rústica, a planta responde muito bem quando recebe a quantidade certa de luz, um solo bem drenado e um suporte adequado para seu crescimento”, explica.
Escolhendo o local ideal para a pitaya frutificar
A pitaya precisa de bastante luminosidade para se desenvolver plenamente. Por ser uma espécie de clima quente, o cultivo ao sol pleno é o mais indicado, garantindo que a planta receba entre seis e oito horas diárias de luz direta. Essa exposição favorece a formação dos botões florais e, consequentemente, dos frutos. Em regiões de clima mais ameno, a planta ainda pode prosperar, mas convém protegê-la de geadas, que comprometem tanto o caule quanto a produção.

A arquiteta paisagista Larissa Figueiredo, que cultiva pitayas há mais de uma década, destaca a importância da estrutura de apoio. “O cultivo em espaldeiras ou postes de madeira é fundamental para que os ramos cresçam de forma ordenada e recebam luz por igual. Essa condução também facilita a colheita e melhora a circulação de ar, reduzindo riscos de doenças”, comenta.
Plantio e preparação do solo
O primeiro passo para plantar a pitaya é escolher um solo bem drenado, já que o excesso de umidade pode provocar o apodrecimento das raízes. Uma mistura rica em matéria orgânica, com boa aeração, é a base ideal para o desenvolvimento. A incorporação de esterco curtido, composto orgânico ou húmus de minhoca contribui para nutrir a planta nos estágios iniciais.
O plantio pode ser feito tanto por mudas já enraizadas quanto por estacas retiradas de uma planta adulta. Ao optar pelas estacas, é necessário deixá-las secar por dois a três dias antes de colocá-las na terra, para evitar infecções. A cova deve ter cerca de 30 a 40 centímetros de profundidade e largura, garantindo espaço suficiente para o enraizamento.
Rega, adubação e manutenção
Por ser um cacto, a pitaya não exige regas diárias, mas também não deve ficar longos períodos sem água. O ideal é manter o solo levemente úmido, ajustando a frequência de acordo com o clima da região. Em períodos mais secos, a irrigação pode ser feita duas vezes por semana; já em épocas chuvosas, o cuidado é evitar o encharcamento.

A adubação periódica é determinante para estimular a floração e frutificação. “Uma adubação equilibrada, com destaque para o fósforo e o potássio, é fundamental. Esses nutrientes contribuem para o desenvolvimento das flores e a qualidade dos frutos”, ressalta Ricardo Monteiro. O uso de NPK na fórmula 4-14-8 ou combinações de compostos orgânicos, como farinha de ossos e torta de mamona, pode ser aplicado a cada dois ou três meses durante o ciclo produtivo.
Floração, polinização e colheita
As flores da pitaya são grandes, brancas e perfumadas, abrindo-se à noite e murchando pela manhã seguinte. Embora algumas variedades sejam autopolinizáveis, outras dependem da polinização cruzada para frutificar. Em cultivos domésticos, a polinização manual com um pincel macio pode aumentar consideravelmente a produção.
Após a floração, os frutos levam em média de 30 a 50 dias para amadurecer. O ponto ideal de colheita é quando a casca apresenta coloração intensa — seja rosa, vermelha ou amarela, dependendo da variedade — e os “espinhos” começam a secar.