A cada temporada, o paisagismo contemporâneo se reinventa ao valorizar espécies de folhagens impactantes, que dialogam com a natureza de forma orgânica e estética. Entre as plantas tropicais que têm ganhado protagonismo nos projetos de interiores e jardins sombreados, destaca-se a Cyclanthus bipartitus — uma espécie ainda pouco explorada, mas de beleza singular.
Originária das florestas úmidas da América Central e do norte da América do Sul, essa planta pertence à família Cyclanthaceae e se assemelha a uma palmeira em miniatura, com folhas longas, divididas e profundamente recortadas, que criam um efeito visual escultural e elegante. “A Cyclanthus bipartitus se tornou um dos grandes trunfos para composições tropicais que buscam naturalidade e sofisticação ao mesmo tempo”, explica a paisagista Gabi Piccino, especializada em ambientes internos com apelo biofílico.
Aparência exótica e arquitetura natural
Visualmente, suas folhas bipartidas lembram leques verdes ou até mesmo estruturas geométricas, o que atrai quem busca uma planta com presença forte, mas sem flores chamativas. Ela se desenvolve em touceiras e pode atingir até 1 metro de altura, sendo perfeita para preencher espaços com textura e volumetria.
De acordo com o biólogo e curador botânico Leonardo Paiva Corrêa, a forma como a planta se abre para captar luz remete à adaptação que ela desenvolveu em seu habitat de mata fechada, onde a luminosidade é filtrada por copas densas. “É uma espécie que prospera na penumbra úmida e isso a torna ideal para interiores, varandas sombreadas ou jardins sob árvores altas”, afirma o especialista.
Versatilidade em projetos de paisagismo
A Cyclanthus bipartitus vai bem tanto em vasos grandes quanto diretamente no solo, desde que o ambiente imite suas condições naturais: solo fértil, drenagem eficiente e umidade constante. Seu aspecto versátil permite combinações com outras espécies tropicais, como antúrios, guaimbês e calatheas, compondo cenários tropicais exuberantes ou recantos de sombra com forte apelo decorativo.

Aliás, a planta também é muito valorizada por sua baixa exigência em relação à iluminação intensa, sendo uma excelente alternativa para quem vive em apartamentos ou casas com luz indireta. “Em espaços internos, seu visual escultural se sobressai em vasos de cerâmica ou cimento queimado, que valorizam seu contraste com ambientes neutros”, pontua Gabi.
Rega equilibrada e ambiente úmido
Para garantir que a Cyclanthus bipartitus mantenha sua exuberância, é essencial manter o solo sempre levemente úmido, sem encharcar. O excesso de água pode comprometer as raízes, enquanto a falta dela pode ressecar as pontas das folhas. A recomendação é regar com moderação, sempre observando a secura do substrato.
Leonardo também alerta sobre a importância de manter a umidade relativa do ar elevada, principalmente em regiões urbanas ou durante os meses mais secos. “Você pode borrifar água nas folhas ou utilizar bandejas com pedrinhas e água sob o vaso, sem deixar que o fundo toque o líquido diretamente”, sugere o biólogo.
Substrato rico e podas pontuais
O substrato ideal deve conter matéria orgânica em abundância, com mistura de terra vegetal, húmus de minhoca e perlita para garantir leveza e drenagem. Adubações mensais com NPK equilibrado ou composto orgânico ajudam a manter a saúde da planta ao longo do ano.
Quanto à poda, ela deve ser mínima, restrita à remoção de folhas secas ou danificadas. A Cyclanthus bipartitus não tolera cortes drásticos e se desenvolve melhor quando mantida com sua forma natural, permitindo que sua estética elegante se revele plenamente.



