No cruzamento entre espiritualidade, resistência e estética escultural, a Espada-de-Iansã — também chamada de Sansevieria cylindrica — tem conquistado espaço privilegiado nos lares e jardins brasileiros. De presença marcante, suas folhas verticais e cilíndricas evocam não apenas imponência visual, mas também carregam um forte simbolismo associado à coragem e à proteção.
Trata-se de uma planta que vai muito além da decoração: ela cria uma atmosfera vibrante e energética no ambiente, sendo valorizada tanto pelo paisagismo quanto pelas tradições místicas afro-brasileiras.
Uma planta de presença e simbolismo
Originária da África Ocidental, a Sansevieria cylindrica pertence à mesma família da popular Espada-de-São-Jorge (Sansevieria trifasciata), mas apresenta folhas arredondadas, mais robustas e com aspecto cilíndrico — daí o nome científico. Essas estruturas verticais podem atingir até 1 metro de altura e muitas vezes surgem trançadas em forma de trança ou lança, o que reforça ainda mais sua simbologia ligada à força e à guerra. Não à toa, a planta é conhecida nos cultos afro-brasileiros como Espada-de-Iansã, em alusão à orixá dos ventos, raios e tempestades.

A paisagista e pesquisadora Ana Paula Mendonça, especialista em vegetação simbólica, explica que essa espécie tem presença constante em altares e entradas de casas: “Ela representa a bravura, a ação e a capacidade de romper energias estagnadas. É uma planta ligada ao feminino guerreiro, ideal para espaços que pedem proteção e dinamismo.”
Popularidade, estética e poder energético
Em termos visuais, a planta é uma escolha certeira para projetos que desejam adicionar verticalidade e modernidade. Por conta do seu desenho gráfico e da coloração em tons de verde-acinzentado, a Espada-de-Iansã compõe muito bem jardins minimalistas, vasos decorativos para varandas ou áreas internas com boa luminosidade.
Mas sua popularidade também tem relação com a facilidade de cultivo. “Ela é extremamente resistente, tolera períodos de seca e se adapta bem tanto a sol pleno quanto à meia-sombra. Isso a torna perfeita para quem deseja uma planta bonita, simbólica e de baixa manutenção”, afirma o engenheiro agrônomo Mauro Castelli, da empresa Viva Verde Paisagismo.
Além disso, há quem diga que ela afasta energias negativas e estimula a coragem emocional, especialmente quando cultivada perto da entrada da casa ou em locais de passagem. Não se trata apenas de superstição: a própria forma vertical das folhas remete a lanças de defesa, um arquétipo poderoso para o inconsciente coletivo.
Como cuidar da Espada-de-Iansã para que ela prospere
Apesar da aparência robusta, a planta exige alguns cuidados básicos para que se mantenha vigorosa. O ideal é plantá-la em solo bem drenado, com uma mistura que contenha areia grossa, terra vegetal e um pouco de composto orgânico. Vasos com furos são fundamentais para evitar o acúmulo de água, já que as raízes da Sansevieria não toleram encharcamento.
As regas devem ser espaçadas: uma vez por semana costuma ser suficiente, especialmente em climas quentes. Durante o inverno ou em regiões mais frias, a frequência pode ser reduzida. A adubação pode ser feita a cada dois ou três meses com um fertilizante rico em nitrogênio, especialmente durante os meses mais quentes do ano.
Vale lembrar que, embora se desenvolva bem à meia-sombra, a Espada-de-Iansã também aprecia algumas horas de luz direta, o que ajuda a intensificar suas cores e o crescimento das folhas. Já em ambientes internos, deve ser posicionada próxima a janelas ou locais bem iluminados.
Para manter o visual sempre bonito, recomenda-se limpar as folhas com um pano úmido de tempos em tempos, retirando o acúmulo de poeira. Quanto as podas, raramente são necessárias, mas é possível remover folhas secas ou danificadas sem prejudicar a planta.
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