Paisagismo
Essas plantas convivem bem com a maresia e são resistentes em áreas litorâneas
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Viver próximo ao mar é um privilégio, mas quem cultiva um jardim em áreas litorâneas sabe que a maresia impõe desafios específicos. O vento carregado de sal, a alta luminosidade e o solo geralmente mais arenoso podem comprometer o desenvolvimento de muitas espécies ornamentais. Ainda assim, quando o projeto paisagístico considera plantas adaptadas a esse ambiente, o resultado é um jardim resistente, vibrante e surpreendentemente duradouro. Mais do que escolher espécies bonitas, trata-se de entender como cada planta reage ao sal, à insolação e à umidade constante do litoral.
Segundo a paisagista July Franchesca Dallagrana, que atua em projetos residenciais no Sul e Sudeste do Brasil, “a maresia não precisa ser vista como inimiga do jardim. Quando escolhemos espécies que já possuem mecanismos naturais de proteção, o paisagismo se torna mais sustentável e com manutenção muito menor”.
Clúsia e bromélia: estrutura e textura para jardins costeiros

A clúsia se destaca como uma das plantas mais utilizadas em jardins litorâneos, especialmente em cercas-vivas e maciços. Suas folhas grossas, coriáceas e brilhantes funcionam como uma barreira natural contra o sal e o vento, além de reduzirem a perda de água. De crescimento vigoroso, adapta-se bem tanto ao sol pleno quanto à meia-sombra, desde que cultivada em solo bem drenado.
Já as bromélias trazem diversidade visual ao jardim costeiro, com folhas em roseta que acumulam água e flores de cores intensas. Muitas espécies nativas brasileiras evoluíram em ambientes próximos ao mar, o que explica sua excelente tolerância à maresia. Elas exigem pouca manutenção e se adaptam bem a jardins tropicais, vasos e até jardins verticais.
Iúca, alamanda e buganvília: resistência aliada ao impacto visual

A iúca é uma escolha certeira para quem busca uma planta escultural e extremamente resistente. Suas folhas rígidas e alongadas toleram vento forte, sol intenso e solo pobre, características comuns em regiões costeiras. Ao lado dela, a alamanda se destaca pela floração abundante e pelo crescimento rápido.
Trepadeira ou arbustiva, responde bem ao clima quente e úmido do litoral, desde que receba bastante luz. A buganvília, por sua vez, é quase um símbolo de jardins à beira-mar. Rústica, de baixa exigência hídrica e extremamente tolerante ao sal, ela floresce intensamente sob sol pleno e cria manchas de cor que valorizam muros, pérgolas e fachadas.
O engenheiro-agrônomo Eduardo Funari observa que “essas espécies apresentam tecidos mais resistentes e metabolismo adaptado à alta luminosidade, o que faz toda a diferença em áreas expostas à maresia”.
- Veja também: Bromélia inédita da Mata Atlântica é identificada após floração no Jardim Botânico do Rio
Heliconias, alpínias e íris-da-praia: tropicalidade que suporta o sal

As helicônias e alpínias são plantas tropicais que trazem exuberância imediata ao jardim litorâneo. Com folhas grandes e flores vistosas, elas se desenvolvem bem em regiões quentes e úmidas, desde que o solo seja rico em matéria orgânica e mantenha boa drenagem.
Apesar da aparência delicada, suportam bem a maresia quando cultivadas em locais protegidos do vento mais intenso. Já a íris-da-praia, como o próprio nome indica, é uma espécie naturalmente adaptada ao litoral. Suas folhas longas e flores claras toleram solo arenoso, salinidade e insolação direta, sendo uma excelente opção para bordaduras e áreas próximas à areia.
Orquídeas, guaimbê e aglaonema: adaptações surpreendentes

Embora muitas pessoas não associem orquídeas ao litoral, diversas espécies epífitas se adaptam bem à maresia quando cultivadas em locais ventilados e com luz filtrada. O guaimbê, com suas folhas grandes e recortadas, também se destaca pela resistência e pelo impacto visual em jardins costeiros, especialmente quando usado em maciços.
Já a aglaonema, mais comum em áreas internas, pode ser utilizada em varandas e espaços protegidos do sol direto, tolerando bem o clima úmido e a salinidade do ar.
Ravenala, curculigo e ixora: volume, contraste e cor
A ravenala, conhecida como árvore-do-viajante, imprime imponência ao paisagismo litorâneo. Suas folhas grandes e disposição em leque resistem bem ao vento e ao sol, desde que haja espaço suficiente para seu desenvolvimento.

O curculigo, por outro lado, atua como excelente forração ou planta de borda, com folhas longas e resistentes que suportam bem a maresia. A ixora fecha esse conjunto com floração intensa e prolongada, atraindo polinizadores e adicionando cor ao jardim, desde que cultivada em solo fértil e sob sol pleno.
Espirradeira, rabo-de-gato e onze-horas: rusticidade que facilita a manutenção
A espirradeira, também conhecida como oleandro, é uma das plantas mais tolerantes ao ambiente costeiro. Arbustiva, de floração abundante e extremamente resistente ao sal, ao vento e à seca, é amplamente utilizada em vias litorâneas.

O rabo-de-gato acrescenta movimento e textura ao jardim, com inflorescências pendentes que se destacam mesmo em condições adversas. Já a onze-horas, de porte baixo e crescimento rápido, é ideal para áreas ensolaradas e solos arenosos, florescendo com facilidade mesmo sob forte insolação e maresia constante.

Sou Cláudio P. Filla, formado em Comunicação Social e Mídias Sociais. Atuo como Redator e Curador de Conteúdo do Agronamidia. Com o apoio de uma equipe editorial de especialistas em agronomia, agronegócio, veterinária, desenvolvimento rural, jardinagem e paisagismo, me dedico a garantir a precisão e a relevância de todas as publicações.
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July Franchesca Dallagrana é arquiteta, urbanista e fundadora da AgroUrb. Com mais de 12 anos de experiência e 110 mil m² projetados, é especialista em paisagismo e design biofílico. Sua trajetória inclui pesquisas em Drenagem Urbana Sustentável e participações de destaque na CASACOR Paraná (2022/2023) e na Mostra Black Home Sul 2025, com o projeto Jardim do Caminhar. Seu trabalho une técnica botânica e materiais naturais para transformar espaços em refúgios de bem-estar, conectando arquitetura e natureza de forma funcional e sensorial.



