Entre tantas espécieamentais que ganham espaço nos jardins brasileiros, poucas causam o mesmo efeito de surpresa e admiração quanto a Gloriosa superba. Com pétalas retorcidas que parecem dançar ao vento, essa planta originária da África e do sul da Ásia conquistou paisagistas e amantes da jardinagem não apenas por sua beleza vibrante, mas também por sua capacidade de transformar qualquer espaço em uma cena tropical exótica.
Conhecida popularmente como flor-da-glória, lírio-trepador ou até mesmo flor-chama, ela pertence à família Colchicaceae e carrega um visual inusitado: as pétalas curvas e alongadas, em tons de vermelho com amarelo-dourado nas bordas, evocam a imagem de uma labareda. “É uma espécie que encanta à primeira vista. Suas flores parecem flutuar no ar com um movimento próprio, algo quase escultural”, define a paisagista Gabi Piccino, que já utilizou a Gloriosa em composições para varandas tropicais.
Além da estética impactante, a planta chama atenção pelo formato trepador, que oferece versatilidade no paisagismo. Seus caules finos e flexíveis podem alcançar cerca de dois metros e meio de comprimento, permitindo que sejam conduzidos em grades, cercas ou até mesmo em estruturas leves como arames e treliças. Assim, ela ganha função tanto decorativa quanto arquitetônica, cobrindo superfícies verticais com elegância.
Popularidade crescente no Brasil e adaptações tropicais
Apesar de seu nome ainda não ser tão conhecido entre jardineiros iniciantes, a Gloriosa superba tem se tornado uma escolha cada vez mais frequente em projetos paisagísticos modernos. Parte desse sucesso está em sua capacidade de adaptação ao clima tropical brasileiro. No entanto, é preciso oferecer condições que respeitem suas origens: locais quentes, bem iluminados e com umidade controlada.

“Ela se adapta bem ao solo brasileiro, desde que bem drenado e enriquecido com matéria orgânica”, explica o engenheiro agrônomo Marcos Estevão Feliciano, da Forth Jardim. O especialista alerta que, embora resistente, a espécie não tolera solos encharcados, o que pode comprometer suas raízes tuberosas, que funcionam como órgãos de reserva da planta.
Cuidados para prosperar
Apesar de sua aparência delicada, a Gloriosa é considerada de baixa a média manutenção. Seu ciclo de crescimento geralmente se dá durante os meses mais quentes do ano, florescendo entre a primavera e o verão. Durante esse período, a planta exige regas regulares — mas sempre moderadas — e aprecia um solo fértil, bem drenado e aerado. A recomendação é que se mantenha o solo ligeiramente úmido, mas nunca saturado.

Outro ponto importante é garantir uma boa exposição à luz solar, preferencialmente indireta, embora ela tolere algumas horas de sol pleno. Em regiões de calor extremo, no entanto, recomenda-se sombra parcial, para evitar queimaduras nas folhas mais jovens.
Quanto à adubação, Marcos indica o uso de fertilizantes ricos em potássio e fósforo, especialmente no período de pré-floração. Já a poda não é obrigatória, mas pode ser feita com delicadeza para remover folhas secas ou controlar o crescimento da ramagem.
Beleza com alerta: a toxidade da flor gloriosa
Embora sua beleza seja hipnotizante, é fundamental lembrar que a Gloriosa superba é tóxica. Todas as partes da planta contêm colchicina, uma substância que pode ser perigosa se ingerida por humanos ou animais domésticos. Portanto, deve-se evitar seu cultivo em locais onde haja crianças pequenas ou pets que possam ter acesso à planta.

“Apesar do risco de toxicidade, com os cuidados certos, ela pode ser cultivada com segurança. A dica é sempre usar luvas durante o manuseio e manter os vasos fora do alcance de curiosos”, alerta Gabi Piccino.
Um toque exótico para composições tropicais e elegantes
Seja em vasos suspensos, jardineiras elevadas ou como moldura viva em pergolados e cercas, a Gloriosa superba oferece um toque de sofisticação natural e um visual que rompe a previsibilidade dos jardins comuns. Sua estrutura leve e a capacidade de escalar estruturas verticais com leveza a tornam perfeita para espaços onde se busca movimento, textura e explosões de cor.
Além disso, ela pode ser combinada com folhagens amplas ou plantas de sombra para criar um contraste exuberante, típico dos jardins tropicais contemporâneos.
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