Entre as trepadeiras mais fascinantes para quem busca beleza, perfume e crescimento rápido, o jasmim-dos-poetas (Jasminum polyanthum) é uma escolha quase literária. Seu nome popular não é à toa: quando está em flor, a planta transforma qualquer espaço em um cenário que parece saído de um romance antigo. O aroma doce e inebriante que exala à noite evoca memórias, enquanto as pequenas flores brancas, que se abrem em profusão entre o final do verão e o início do outono, remetem à leveza de um verso bem escrito.
Originária da China, essa trepadeira encontrou no clima tropical e subtropical brasileiro um ambiente ideal para crescer com vigor. E cresce mesmo: em condições adequadas, seus ramos podem ultrapassar os quatro metros de comprimento em apenas uma estação, o que a torna perfeita para cobrir pérgolas, caramanchões, cercas ou qualquer estrutura vertical que precise de um toque de romantismo natural.
Um perfume que toma o ar e atrai olhares
Além da aparência delicada, o grande trunfo do jasmim-dos-poetas está na sua fragrância. “É uma planta com valor sensorial marcante, ideal para compor jardins sensoriais ou espaços de relaxamento”, explica o arquiteto-paisagista Leonardo Paiva Correa, especialista em projetos com foco no bem-estar e na biodiversidade urbana. “Seu perfume é liberado com mais intensidade à noite, tornando o ambiente mais acolhedor e íntimo.”

Justamente por esse aroma envolvente, a planta é muito usada próxima a janelas, varandas ou entradas de casas. E apesar de lembrar o jasmim-manga ou o jasmim-estrela, o polyanthum tem como diferencial sua velocidade de crescimento e a intensidade da floração em períodos curtos.
Como cultivar e onde posicionar o jasmim-dos-poetas
Por mais sofisticada que pareça, a espécie é bastante rústica. Gosta de sol pleno ou meia-sombra, com no mínimo quatro horas de luz solar por dia. Tolera diferentes tipos de solo, desde que bem drenado e rico em matéria orgânica. A recomendação é preparar o canteiro ou vaso com uma mistura de terra vegetal, húmus de minhoca e areia grossa, garantindo leveza e aeração para as raízes.

“Uma das qualidades do jasmim-dos-poetas é que ele não exige grandes cuidados. Com regas regulares e um pouco de atenção ao substrato, ele responde com vigor”, reforça a paisagista Renata Guastelli. Ela sugere que o tutoramento da planta seja feito logo nos primeiros meses, para que os ramos possam se desenvolver com orientação e não se enrosquem entre si.
Além disso, a poda é uma grande aliada. Pode-se remover galhos secos após a floração ou conduzir a planta para manter o visual desejado. O adubo ideal é o rico em fósforo, como o NPK 4-14-8, aplicado a cada dois meses durante os períodos de crescimento e floração. Isso ajuda a estimular botões florais e a manter a folhagem sempre viçosa.
Delicadeza que exige alguns cuidados
Apesar de ser resistente, é importante observar algumas particularidades. O jasmim-dos-poetas é sensível a geadas e temperaturas muito baixas, o que pode prejudicar a floração. Por isso, em regiões mais frias, o ideal é protegê-lo durante o inverno ou optar pelo cultivo em vasos grandes que possam ser movidos.

Também vale lembrar que seus ramos longos e flexíveis podem facilmente se enrolar em outras plantas próximas, o que exige planejamento paisagístico. “Ela não é uma planta invasiva, mas cresce rápido demais e pode sufocar espécies mais delicadas se não houver controle”, alerta Leonardo Paiva.
Outro ponto de atenção está na rega. Em excesso, pode levar ao apodrecimento das raízes. O ideal é regar sempre que o solo estiver seco ao toque, evitando encharcamentos. Já em épocas mais quentes, o aumento na frequência pode ser necessário para preservar a umidade do substrato.
A planta certa para jardins poéticos e naturais
Aliás, o jasmim-dos-poetas não é apenas uma planta decorativa — ele é uma experiência sensorial completa. O toque suave das flores, o perfume marcante que se intensifica ao entardecer e o verde brilhante de sua folhagem tornam essa trepadeira uma escolha certeira para quem deseja um jardim vivo, encantador e com personalidade.
Em composições paisagísticas, vai bem com outras espécies tropicais de meia-sombra, como a tumbérgia, a sapatinho-de-judia ou a lágrima-de-cristo, criando uma paleta de texturas e cores em movimento. Seu efeito é ainda mais bonito quando cultivado em pergolados de madeira ou arcos metálicos, onde a queda das hastes floridas produz uma verdadeira cascata perfumada.



