Apesar de seu visual exuberante e tropical, o lambari-roxo (Tradescantia zebrina) ainda gera dúvidas quando o assunto é sua segurança para consumo humano. Nativa da América Central, essa planta ganhou espaço nos jardins brasileiros por conta das folhas coloridas e da facilidade de cultivo. Mas será que ela é realmente comestível, como alguns acreditam? Ou deve ser mantida apenas como um elemento ornamental?
Para entender melhor o comportamento e as características dessa planta, conversamos com dois especialistas em paisagismo e botânica, que explicam como a Tradescantia zebrina pode ser usada, quais cuidados são necessários no cultivo e, sobretudo, se ela pode ou não fazer parte do cardápio.
Uma folhagem ornamental de impacto visual
Com folhas alongadas que mesclam tons de verde, prata e roxo, o lambari-roxo é uma planta rasteira que se desenvolve com rapidez, formando tapetes densos em vasos, jardineiras e canteiros. Seu apelo visual é imediato, especialmente por conta do brilho metálico das folhas e da coloração intensa que se destaca mesmo em ambientes sombreados.
Segundo a paisagista Marina Souza Leme, o lambari-roxo se tornou um coringa em projetos de jardins verticais e canteiros urbanos. “É uma planta rústica e de baixa manutenção, perfeita para cobrir espaços vazios no solo ou preencher vasos com exuberância”, destaca a profissional.
Ela também explica que a espécie é amplamente usada por sua resistência, sendo ideal para varandas, áreas de meia-sombra e até para cultivo interno com luz difusa. No entanto, essa mesma resistência deve ser observada com atenção quando há crianças pequenas ou pets no ambiente.
Afinal, o lambari-roxo é comestível?
Embora algumas fontes internacionais apontem o uso ocasional da Tradescantia zebrina em saladas ou como planta medicinal, o consenso entre especialistas brasileiros é claro: não é recomendável consumir a espécie.

Segundo o biólogo e pesquisador em plantas tropicais Rafael Andrade, há registros de que a seiva da planta pode causar reações dermatológicas em pessoas mais sensíveis. “A mucilagem presente nas folhas pode provocar irritações na pele e, em alguns casos, sintomas gastrointestinais leves se ingerida”, alerta.
Além disso, o especialista reforça que, por ser uma planta de uso ornamental, o lambari-roxo frequentemente é cultivado com substratos, fertilizantes e defensivos que não são próprios para consumo humano. Portanto, mesmo que em algumas culturas a planta seja mencionada como “comestível”, no contexto brasileiro ela deve ser considerada exclusivamente decorativa.
Cuidados no cultivo e atenção com pets
Outro ponto importante envolve a toxicidade para animais domésticos. Ainda que não seja considerada altamente tóxica, a planta pode causar incômodos se for mordiscada por cães e gatos, como salivação excessiva ou náuseas leves. Rafael Andrade aconselha mantê-la fora do alcance dos pets e sempre observar qualquer reação inesperada, especialmente se o animal costuma explorar plantas com frequência.
Para quem deseja cultivá-la com segurança, Marina recomenda manter os vasos em locais elevados, protegidos da curiosidade infantil e animal. “O lambari-roxo se multiplica por estacas com muita facilidade. Basta cortar um galhinho, colocá-lo na água por alguns dias até surgir raízes e replantar”, ensina. A planta gosta de solos leves, ricos em matéria orgânica e com boa drenagem. Regas regulares e luz filtrada são ideais para manter o colorido intenso das folhas.



