Presente em diferentes regiões do Brasil, especialmente no Cerrado e na Caatinga, a janaúba (Himatanthus drasticus) é uma planta que há décadas faz parte do saber popular. Conhecida principalmente pelo uso de seu látex em práticas medicinais caseiras, ela desperta tanto o interesse de pesquisadores quanto o cuidado de especialistas em saúde, já que seu uso requer conhecimento e responsabilidade.
A aparência é marcante: folhas alongadas, caule ereto e flores brancas que contrastam com o verde intenso da folhagem, tornando-a também atrativa para jardins rústicos e projetos paisagísticos que buscam espécies nativas.
Origem e importância cultural
A janaúba é nativa do Brasil e amplamente cultivada em áreas de clima quente e seco. Em comunidades rurais, seu uso vai muito além da estética: o látex branco que escorre do caule é tradicionalmente diluído em água e consumido como forma de fortalecer o organismo, além de ser aplicado externamente para tratar feridas. “É uma planta que carrega um valor simbólico e medicinal muito grande para diversas regiões do país, mas que precisa ser utilizada com orientação, já que substâncias ativas em excesso podem ser tóxicas”, explica o biólogo e pesquisador de plantas medicinais Marcos Estevão Feliciano.

Essa tradição atravessa gerações, mas nos últimos anos passou a chamar atenção da ciência. Pesquisas iniciais indicam potencial farmacológico, especialmente com propriedades anti-inflamatórias e cicatrizantes, embora ainda faltem estudos conclusivos que comprovem todas as indicações populares.
Características e cultivo da janaúba
Com porte médio, podendo atingir até quatro metros de altura, a janaúba adapta-se bem a solos arenosos e pobres em matéria orgânica, o que a torna resistente em regiões de estiagem. Seu cultivo é simples, mas exige atenção ao manejo, já que a retirada do látex deve ser feita sem comprometer a saúde da planta. “O ideal é realizar cortes superficiais e em poucas ocasiões, permitindo que o caule se recupere. Isso garante a longevidade da espécie e evita a perda excessiva de seiva”, orienta a engenheira-agrônoma Fabiana Fróes.
Para quem deseja inseri-la no paisagismo, a janaúba pode ser cultivada isolada, como ponto focal no jardim, ou em conjunto com outras espécies nativas resistentes à seca. Seu visual rústico e as flores delicadas oferecem um contraste interessante, especialmente quando combinada com gramíneas ornamentais ou plantas do Cerrado.
Cuidados e precauções no uso medicinal
Apesar de seu uso popular ser amplamente difundido, é importante lembrar que o consumo da janaúba deve ser acompanhado por um profissional de saúde. O látex, quando ingerido em excesso, pode provocar irritações gastrointestinais e outros efeitos adversos. Além disso, não há comprovação científica robusta para todas as finalidades atribuídas a ela na medicina popular.

No manejo doméstico, recomenda-se o uso de luvas ao cortar galhos ou manipular a seiva, evitando contato prolongado com a pele. A planta também deve ser mantida longe do alcance de crianças e animais domésticos.
Janaúba no paisagismo e preservação
Além da aplicação medicinal, a janaúba ganha cada vez mais espaço como espécie ornamental. Sua resistência a períodos prolongados de seca, somada à beleza das flores e folhagem, a torna uma aliada em projetos sustentáveis, especialmente em jardins de baixo consumo hídrico. Entretanto, a coleta desordenada para uso medicinal pode colocar em risco populações nativas, o que reforça a importância de adquirir mudas de viveiros certificados.
Assim, a janaúba se destaca como uma planta de múltiplos significados: símbolo de tradição, potencial objeto de pesquisa científica e recurso valioso para jardins adaptados ao clima brasileiro. Usada com cautela e cultivada de forma consciente, ela preserva seu papel na cultura popular e mantém vivo o vínculo entre natureza e conhecimento ancestral.