Em alguns dos versos mais poéticos da Bíblia, um nome se repete como metáfora de delicadeza, beleza e espiritualidade: a rosa-de-sarom. No entanto, fora das páginas sagradas, essa planta revela muito mais do que seu simbolismo religioso. Trata-se de um arbusto da família dos hibiscos, de porte robusto, flores vistosas e perfume doce, que encanta jardineiros e paisagistas em diversas partes do mundo.
Originária da planície de Saron, em Israel, a planta conhecida cientificamente como Hibiscus syriacus também tem forte presença em outros países da Ásia, como a China e a Coreia do Sul — onde é, inclusive, considerada flor nacional. Embora receba o nome de “rosa”, ela não pertence ao gênero das rosáceas: sua semelhança com o hibisco tradicional é visível na forma das flores e no porte arbustivo, que pode atingir até três metros de altura.
“É uma planta que carrega significados profundos, mas também uma ótima opção ornamental, por ser resistente, bonita e adaptável”, destaca o paisagista Leonardo Pires, que atua em projetos no interior de São Paulo. Segundo ele, a rosa-de-sarom pode ser cultivada tanto de forma isolada, como ponto focal em jardins, quanto em composições com outras espécies tropicais ou mediterrâneas.
Um arbusto para ambientes ensolarados
Quando se fala em cultivo, a rosa-de-sarom demonstra ser uma planta de fácil manejo, embora exija algumas condições específicas para atingir sua plenitude. Ela precisa de luz solar direta durante boa parte do dia e prefere solos levemente ácidos, ricos em matéria orgânica e bem drenados. A rega, embora simples, deve ser regular, principalmente nos períodos de estiagem prolongada.

“Trata-se de uma planta que responde muito bem ao sol pleno, mas também tolera pequenas variações de temperatura. O ideal é regar diariamente nos primeiros meses após o plantio, reduzindo a frequência conforme a planta amadurece”, orienta a engenheira agrônoma Marina Couto, especialista em flora urbana e nativa.
Outro diferencial está em sua forma de propagação. A rosa-de-sarom pode ser cultivada por sementes — que, surpreendentemente, mantêm sua viabilidade por anos se forem armazenadas em local seco e fresco. O desenvolvimento é gradual, mas o florescimento compensa a espera: as flores aparecem em diferentes tons, como branco, roxo e rosa-choque, sempre com um centro mais escuro e marcante.
Poda, adubação e valor ornamental
Para manter o arbusto com boa forma e vigor, as podas devem ser realizadas preferencialmente no final do inverno ou início da primavera. Nessas ocasiões, é indicado eliminar galhos secos e controlar o crescimento dos ramos mais jovens, mantendo a estrutura principal da planta. A adubação, por sua vez, deve ser leve e sazonal — preferencialmente a cada troca de estação, utilizando formulações orgânicas ou equilibradas em fósforo e potássio para estimular a floração.

Muito utilizada em cercas-vivas floridas, a rosa-de-sarom também é excelente para projetos que buscam criar privacidade com leveza e beleza. Sua densidade foliar e seu crescimento vertical garantem uma barreira natural charmosa, ideal para varandas, quintais ou áreas de transição no jardim.
Além de tudo isso, a planta também possui um uso menos conhecido: ela é uma PANC (Planta Alimentícia Não Convencional). Suas flores podem ser utilizadas em infusões, pratos ornamentais e até receitas sofisticadas, conferindo cor e um leve perfume floral à composição. Em algumas culturas asiáticas, as pétalas são aproveitadas inclusive em saladas e sobremesas.
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