Poucas plantas representam tão bem a leveza dos interiores tropicais como a samambaia-chorona (Nephrolepis exaltata). Com suas folhas longas, pendentes e de textura rendada, ela não apenas transforma qualquer canto da casa em um refúgio verde, como também remete à nostalgia dos jardins suspensos que decoravam varandas e salas nas décadas passadas. No entanto, apesar da aparência exuberante, trata-se de uma planta sensível, que exige alguns cuidados pontuais para manter sua beleza viva e constante.
A paisagista Gabi Piccino lembra que, embora seja considerada de baixa manutenção, a samambaia-chorona pode apresentar sinais de estresse rapidamente caso não esteja em condições ideais. “Ela reage muito ao ambiente: muda a coloração, resseca as pontas e pode perder volume se estiver em um espaço inadequado”, alerta.
Por isso, para quem deseja manter a folhagem cheia, viçosa e com aquele verde vibrante típico das espécies tropicais, é essencial compreender as necessidades específicas dessa planta. A seguir, entenda os principais cuidados indicados por profissionais para garantir que sua samambaia continue sendo um destaque ornamental.
Ambiente ideal
Originária de regiões tropicais e subtropicais, a samambaia-chorona prefere locais protegidos de vento forte e que ofereçam luz difusa abundante, como varandas cobertas, áreas próximas a janelas e espaços com sombra parcial. Apesar de tolerar breves períodos de sombra total, seu desenvolvimento é favorecido quando recebe luminosidade indireta constante.
Além disso, por ser uma planta de florestas úmidas, a umidade do ar é fator determinante para sua saúde. Segundo o biólogo e paisagista Eduardo Funari, é comum que samambaias cultivadas em ambientes muito secos sofram com folhas quebradiças e desidratadas. “Pulverizar água nas folhas, especialmente nos dias mais quentes ou em regiões de clima seco, ajuda muito a manter a planta hidratada”, orienta.
Rega equilibrada
O solo da samambaia-chorona deve ser mantido constantemente úmido, mas jamais encharcado. Isso porque suas raízes finas são muito sensíveis à falta d’água, mas também podem apodrecer com facilidade se houver excesso de umidade acumulada no vaso. A dica é sempre testar a terra com o dedo: se estiver seca na superfície, está na hora de regar novamente.
“Uma das maiores causas de declínio nas samambaias é a irrigação errada. É preciso um olhar atento para o comportamento da planta, regando mais nos dias quentes e reduzindo no inverno”, afirma Eduardo. A drenagem também é indispensável — vasos com furos no fundo, camada de pedrisco ou argila expandida e substrato leve são grandes aliados nesse processo.
Substrato certo faz toda a diferença
Diferente de plantas que gostam de solo mais denso, a samambaia-chorona exige um substrato rico em matéria orgânica e muito bem aerado. Uma mistura de terra vegetal, fibra de coco, húmus de minhoca e um pouco de areia é o cenário ideal para que suas raízes respirem e absorvam os nutrientes necessários.
Gabi recomenda adubações quinzenais com produtos naturais, como farinha de osso e torta de mamona, alternadas com soluções de liberação lenta, como o bokashi. “A adubação não é só para estimular o crescimento, mas para manter o tom vibrante das folhas, que é a principal característica ornamental da samambaia”, comenta a paisagista.
Poda e limpeza constantes
Por ser uma planta de folhagem densa e delicada, a poda tem papel essencial para manter a estética e a saúde da samambaia. O ideal é remover folhas secas, amareladas ou danificadas com tesouras limpas e afiadas, sempre com cortes rente à base da planta. Isso evita a proliferação de fungos e permite que a energia da planta seja direcionada às folhas saudáveis.
Além da poda, a limpeza das folhas com pano úmido ajuda a retirar poeiras acumuladas que podem obstruir a fotossíntese. E, claro, também contribui para realçar o brilho natural da folhagem
Transplantes e renovação
Com o tempo, é natural que a samambaia-chorona preencha completamente o vaso, exigindo uma nova estrutura para se desenvolver melhor. O transplante deve ser feito a cada um ou dois anos, preferencialmente na primavera, quando a planta entra em fase de crescimento mais ativo.
Gabi reforça que esse é um momento ideal também para dividir a touceira e propagar novas mudas, multiplicando o verde em diferentes pontos da casa. “É uma planta generosa. Quando bem cuidada, ela presenteia o cultivador com muitos brotos, que podem ser replantados e compartilhados”, diz.



