Com suas folhas bicolores que combinam o verde intenso com tons vibrantes de roxo, o abacaxi-roxo (Tradescantia spathacea) é uma planta ornamental que chama atenção mesmo nos cantinhos mais discretos do jardim ou da varanda. Popular no paisagismo tropical e amplamente cultivado no Brasil, ele é o tipo de planta que parece ter saído de uma pintura: dramático, resistente e surpreendentemente fácil de cuidar.
Apesar do nome remeter ao fruto tropical, a Tradescantia spathacea nada tem a ver com o abacaxi comestível. Ela pertence à família Commelinaceae, a mesma da popular trapoeraba, e forma touceiras densas com folhas longas, lanceoladas e com brilho metálico. Quando bem cultivada, pode ser utilizada tanto como forração quanto como destaque em vasos decorativos.
Segundo a paisagista Renata Guastelli, essa é uma das espécies mais versáteis para quem deseja dar cor ao paisagismo com pouco esforço. “Além de bela, ela se adapta a diferentes ambientes e é extremamente resistente, o que a torna ideal para jardineiros iniciantes e projetos de baixa manutenção”, afirma.
Luminosidade ideal: o abacaxi-roxo prefere sol ou sombra?
Essa dúvida é bastante comum — e essencial para garantir o sucesso do cultivo. O abacaxi-roxo aprecia ambientes com bastante luminosidade indireta, mas pode se adaptar também a locais de meia-sombra, desde que receba algumas horas de luz filtrada por dia. Em regiões de clima muito quente, o ideal é que receba sol apenas no período da manhã ou fim da tarde, evitando o sol direto intenso nas horas mais quentes.

“O tom vibrante das folhas depende diretamente da quantidade de luz recebida”, explica o engenheiro agrônomo André Passos, especialista em plantas tropicais. “Em ambientes muito sombreados, a coloração roxa pode desbotar e as folhas ficarem mais verdes, o que compromete o efeito ornamental.” Por isso, uma varanda bem iluminada ou um canteiro com luz difusa é o local ideal.
Em áreas internas, a planta também pode prosperar desde que esteja próxima a janelas amplas, com boa ventilação e luminosidade abundante. Ambientes escuros devem ser evitados, pois favorecem o estiolamento — quando a planta cresce de forma alongada, em busca de luz.
Cuidados com rega, solo e poda
A Tradescantia spathacea é uma planta que não exige regas constantes, mas também não tolera longos períodos de seca. O ideal é manter o solo levemente úmido, regando apenas quando a camada superficial estiver seca ao toque. Em vasos, a drenagem precisa ser eficiente para evitar o apodrecimento das raízes — um dos problemas mais comuns em ambientes internos.
O solo ideal deve ser fértil, rico em matéria orgânica e leve. Uma mistura com terra vegetal, húmus de minhoca e areia grossa já garante boa nutrição e drenagem. A adubação pode ser feita a cada dois meses com NPK equilibrado (10-10-10), especialmente durante a primavera e o verão, quando a planta tende a crescer mais.

Quanto às podas, elas são bem-vindas para manter a forma compacta e estimular novas brotações. “A remoção das folhas secas ou amareladas ajuda na estética e na saúde da planta, além de prevenir o aparecimento de pragas”, reforça Renata.
Usos paisagísticos e alerta sobre toxicidade
O abacaxi-roxo é amplamente utilizado como forração colorida em canteiros tropicais, bordaduras de jardins e vasos suspensos. Seu visual exótico combina bem com outras espécies tropicais, como lambari, rabo-de-pavão, zamioculca e marantas, criando composições dramáticas e contemporâneas.
Entretanto, é importante ficar atento: a seiva da planta pode causar irritações na pele e mucosas de pets e crianças. Por isso, é recomendado cultivá-la fora do alcance direto, principalmente em ambientes internos.
Além disso, seu crescimento rápido e vigoroso pode transformá-la em uma planta invasiva se não for controlada, especialmente em regiões de clima quente e úmido.