Resumo
• A certificação Carne Baixo Carbono, lançada na COP30, consolida o Protocolo CBC e estabelece critérios auditáveis para uma pecuária de baixo impacto climático.
• O selo reconhece produtores que adotam práticas sustentáveis, como integração lavoura-pecuária, manejo eficiente e recuperação de pastagens.
• A iniciativa fortalece o Plano ABC+ e posiciona o Brasil como referência global em agricultura sustentável e mitigação de emissões.
• A MBRF adotará o selo para reforçar rastreabilidade, conservação e valorização da carne bovina em mercados exigentes.
• O protocolo traduz ciência aplicada ao campo e deve impulsionar a transição para sistemas pecuários mais resilientes e alinhados ao Acordo de Paris.
A chamada “Carne Baixo Carbono” chega ao setor agropecuário em um momento decisivo para a agenda ambiental global. Anunciada durante a COP30, em Belém, a certificação surge como um marco para os produtores que desejam unir desempenho produtivo, manejo eficiente e compromisso real com a mitigação das emissões de gases de efeito estufa. Além disso, ela fortalece uma narrativa que há anos cresce no Brasil: a de que é possível produzir mais alimento com menos impacto climático, valorizando a ciência, o solo e a regeneração das pastagens.
A nova certificação nasce respaldada pelo Protocolo Carne Baixo Carbono (CBC), desenvolvido pela Embrapa em parceria com a MBRF e com apoio da ONG Amigos da Terra – Amazônia Brasileira. Trata-se de um conjunto técnico robusto que estabelece critérios para monitorar e atestar propriedades rurais capazes de integrar produtividade e conservação ambiental sem abrir mão da transparência.
O que fundamenta o Protocolo Carne Baixo Carbono
O protocolo utiliza indicadores que avaliam se a fazenda adota sistemas de intensificação sustentável. Entre eles estão a integração lavoura-pecuária, o manejo eficiente do solo e da água, a recuperação de áreas degradadas e a implantação de pastagens de alto desempenho. Tais práticas aumentam significativamente a capacidade de captura de carbono no solo e na vegetação, reduzindo emissões e tornando a produção mais resiliente às variações climáticas.
Assim, o CBC funciona como uma certificação auditável e confiável para o consumidor, assegurando que aquela carne foi produzida com métodos ambientalmente responsáveis, rastreáveis e alinhados às metas climáticas brasileiras. Na prática, o selo amplia a conexão entre tecnologia, sustentabilidade e propósito — atributos que têm moldado o futuro da pecuária global.
O papel da COP30 e o fortalecimento das políticas de baixo carbono
O lançamento do selo durante a COP30 reforça sua relevância dentro de uma agenda que busca acelerar a adoção de tecnologias agrícolas sustentáveis. O protocolo dialoga diretamente com o Plano ABC+, política que norteia as ações de mitigação e adaptação do setor agropecuário às mudanças climáticas no Brasil. Ao oficializar um selo robusto e auditável, a certificação amplia a segurança jurídica e técnica para o produtor, além de criar um novo patamar de valorização no mercado interno e internacional.
Conforme a ONG Amigos da Terra destaca em seus posicionamentos, o protocolo não apenas reconhece as ações de conservação, mas amplia a produtividade da fazenda ao favorecer pastos mais eficientes, solos mais férteis e sistemas mais estáveis frente aos eventos climáticos extremos.
Valor agregado ao produtor e ao mercado consumidor
O movimento não amplia apenas a reputação ambiental da cadeia da carne bovina; ele cria novas oportunidades econômicas. A certificação torna-se um diferencial competitivo para produtores que já praticam a intensificação sustentável e desejam acessar mercados mais exigentes. Além disso, propriedades certificadas tendem a apresentar melhor desempenho produtivo, pois sistemas integrados e pastagens bem manejadas elevam a taxa de lotação, melhoram o ganho de peso e ampliam a oferta de alimento mesmo em períodos de estiagem.
A presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, ressalta em suas declarações que o protocolo torna mensurável uma série de práticas que, até então, eram reconhecidas, mas pouco padronizadas. Segundo ela, traduzir os avanços técnicos em critérios claros permite que a pecuária de baixo carbono se torne rastreável e valorizada, ampliando o protagonismo do Brasil como referência em agricultura sustentável.
Participação da MBRF e o avanço da rastreabilidade
A MBRF, uma das maiores companhias multiproteínas do mundo, será a responsável por utilizar o selo em sua cadeia de carne bovina. A empresa já opera com o Programa Verde+, lançado em 2020, e que une produção, conservação e inclusão dentro de um modelo de pecuária monitorada, livre de desmatamento e baseada na transparência dos dados.
Com o selo Carne Baixo Carbono, a companhia valida suas práticas e reforça o argumento de que tecnologias ambientais ajudam a reduzir emissões, elevar a produtividade e fortalecer a reputação da carne brasileira no cenário global. A MBRF destaca que ciência e campo precisam estar integrados para transformar a pecuária em uma aliada direta da solução climática.
Uma certificação que traduz ciência aplicada ao campo
Para os parceiros envolvidos no desenvolvimento da certificação, o selo CBC materializa anos de pesquisa da Embrapa voltados à recuperação de pastagens, manejo integrado e aumento de eficiência agropecuária. Ele consolida a cooperação entre instituições públicas, setor privado e organizações socioambientais em torno de um propósito comum: produzir mais carne com menor impacto.
A expectativa é que a adoção crescente do protocolo leve a pecuária brasileira a um novo patamar, tornando a Carne Baixo Carbono um símbolo da transição para sistemas regenerativos e alinhados aos compromissos do Acordo de Paris. Aliás, essa certificação emerge como uma resposta concreta aos desafios globais da produção animal, mostrando que eficiência ambiental e rentabilidade não são caminhos opostos — mas complementares.
Sobre a Embrapa
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) é referência internacional em inovação e tecnologia para uma agricultura responsável. Como empresa pública tem como missão servir à sociedade em seus diferentes públicos, direta ou indiretamente, e contribuir para a construção de um futuro sustentável, baseado em ciência.
Sobre a MBRF
A MBRF é uma das maiores empresas globais de alimentos, presente em 117 países e com um portfólio multiproteínas que inclui carne bovina, suína e de aves, produtos industrializados, pratos prontos e pet food. Com marcas fortes e icônicas como Sadia, Perdigão, Sadia Bassi, Perdigão Montana, Perdigão na Brasa, Qualy, Banvit, Paty, a companhia reúne 130 mil colaboradores pelo mundo e produz cerca de 8 milhões de toneladas de alimentos por ano, atendendo mais de 425 mil clientes e milhões de consumidores em todo o mundo. A MBRF combina expertise, inovação e eficiência em uma plataforma 100% integrada, guiada por simplicidade, excelência e práticas sustentáveis. A empresa acompanha tendências e hábitos dos consumidores para oferecer o portfólio mais completo do mercado, com qualidade, competitividade e responsabilidade socioambiental.
Sobre a Amigos da Terra
Fundada em 1994, a Amigos da Terra – Amazônia Brasileira (AdT) é uma organização não governamental brasileira, sem fins lucrativos, que atua na promoção de iniciativas sustentáveis que visam o desmatamento zero nos habitats naturais brasileiros, com foco prioritário, mas não exclusivo, na Amazônia. A organização atua junto a governos e empresas, influenciando políticas públicas e privadas que possam promover o desenvolvimento sustentável e evitar a degradação ambiental. Também apoia comunidades locais e trabalha para gerar e compartilhar informações de relevância sobre as áreas de atuação.



