Depois de quase cinco meses de embargo, a China anunciou oficialmente a reabertura de seu mercado à carne de frango brasileira. O comunicado, datado de 31 de outubro e divulgado nesta sexta-feira (7), confirma a retomada imediata das importações com base em uma nova análise de risco sanitário realizada pelas autoridades chinesas. A decisão encerra um período de incerteza para o setor avícola nacional, especialmente após o registro de um caso isolado de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) em uma granja comercial de Montenegro, no Rio Grande do Sul, em maio deste ano.
A notícia foi celebrada pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que destacou o trabalho eficaz de contenção e erradicação da doença, além do rápido reposicionamento do Brasil como país livre da IAAP perante a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). Em nota oficial, a entidade ainda reconheceu o papel fundamental da diplomacia brasileira, que atuou de forma estratégica na reabertura do mercado asiático — considerado um dos mais importantes para a avicultura nacional.
Aliás, até o mês de maio, a China ocupava a liderança no ranking de importadores da carne de frango produzida no Brasil. Só no acumulado de janeiro a maio de 2024, foram embarcadas 228,2 mil toneladas do produto para o gigante asiático, o que representou 10,4% de todas as exportações do setor no período. A receita gerada ultrapassou os US$ 545 milhões, consolidando o país como parceiro comercial estratégico.
Rio Grande do Sul ainda fora da reabilitação comercial
Apesar da liberação nacional, o Rio Grande do Sul permanece com suas exportações para a China suspensas. A restrição se deve à identificação de um caso isolado da Doença de NewCastle, registrado em agosto deste ano no município de Anta Gorda. Embora a ocorrência tenha sido prontamente controlada, o episódio gerou um novo alerta sanitário que, por ora, impede a reintegração do estado ao fluxo comercial com o país asiático.
Em nota conjunta, a ABPA e a Associação Gaúcha de Avicultura reforçaram que todas as exigências técnicas e sanitárias já foram atendidas e que o governo estadual aguarda apenas o reconhecimento oficial da China para retomar as operações. Segundo as entidades, os relatórios e dados foram encaminhados com agilidade e transparência, sinalizando a capacidade do Rio Grande do Sul em gerenciar com eficiência situações emergenciais.
O presidente do Fundesa-RS, Rogério Kerber, ressaltou o envolvimento direto do fundo em ambas as ocorrências — tanto da Influenza Aviária como da Doença de NewCastle — e reiterou que, do ponto de vista técnico, não há mais pendências. Para ele, o momento agora é de condução diplomática, com foco em reconstruir a confiança no âmbito comercial. “As respostas técnicas já foram dadas. O que se espera agora é que prevaleça o equilíbrio nas negociações para que o estado volte a acessar esse mercado tão relevante”, defendeu.



