A pecuária paraense acaba de entrar em uma nova fase. A Friboi, marca da JBS, iniciou o abate dos primeiros bovinos com rastreabilidade individual no estado do Pará, resultado direto da entrega de mais de 120 mil brincos eletrônicos (tags RFID) a produtores locais. O avanço posiciona o estado como referência no monitoramento preciso da cadeia produtiva da carne, dentro de um modelo que alia tecnologia, sustentabilidade e valorização da produção.
A iniciativa integra o programa Acelerador JBS, que fornece gratuitamente os dispositivos de identificação, além de suporte técnico e ferramentas digitais para facilitar a adesão dos pecuaristas à rastreabilidade. Atualmente, cerca de 65 mil animais já estão identificados em 89 propriedades, número que tende a crescer nos próximos meses. Um lote experimental de 20 bois com identificação individual foi enviado à unidade da Friboi em Marabá, sob inspeção federal, marcando o início prático da rastreabilidade no estado.
Um futuro antecipado para a pecuária do Pará
A movimentação do gado, desde a fazenda até a indústria, foi totalmente monitorada por meio da Plataforma Pecuária Sustentável do Pará, que consolida dados fundiários, ambientais e sanitários. Para o produtor rural Felipe Mota, que aderiu voluntariamente ao programa, esse avanço é transformador. “O que antes parecia distante agora é realidade. A rastreabilidade agrega valor ao nosso produto e abre portas para novos mercados exigentes”, afirma.
Segundo Mota, que já implantou mais de 1.500 brincos em sua propriedade, o diferencial competitivo é evidente. “Além de nos posicionarmos melhor comercialmente, temos um controle muito mais eficiente do manejo, do histórico dos animais e até mesmo da performance de produtividade por lote.”
Compromisso com o desenvolvimento sustentável
O programa Acelerador JBS faz parte de um investimento robusto de mais de R$ 35 milhões da empresa no Pará, com foco na modernização da cadeia de fornecimento e no apoio a pequenos e médios pecuaristas. A proposta é que todos os bovinos e bubalinos em trânsito no estado estejam identificados individualmente até janeiro de 2026, e que, a partir de 2027, todo o rebanho paraense conte com rastreabilidade ativa.
Para a engenheira agrônoma Mariana Diniz, pesquisadora de cadeias produtivas sustentáveis, o momento é decisivo. “A rastreabilidade já é uma exigência em mercados internacionais, e o produtor que se antecipa sai na frente. O Pará está criando um modelo possível, especialmente com apoio técnico e subsídio aos pequenos.”
Outro pilar essencial é a doação de leitores de RFID à Adepará, a agência estadual de defesa agropecuária. Com mais de 170 equipamentos entregues pela JBS, será possível escanear as tags eletrônicas em diferentes pontos da cadeia, garantindo transparência e rastreamento contínuo.
Rastrear é valorizar: tecnologia como aliada da carne paraense
Mais do que atender à pressão por regularização ambiental e transparência, o avanço da rastreabilidade permite que a carne produzida no Pará seja percebida como um produto de alto valor agregado. A identificação animal, quando associada ao manejo responsável, abre caminho para certificações, rastros exportáveis e maior confiança do consumidor.
“O consumidor moderno quer saber de onde vem o que ele consome. Ele quer histórias verdadeiras por trás do alimento”, analisa a zootecnista Ana Paula Munhoz, especialista em tecnologia da produção animal. “Essas ações colocam o Pará como protagonista no que há de mais moderno em controle de rebanho.”
A adesão ao programa, no entanto, é voluntária — ao menos por enquanto. A expectativa é que, com os resultados práticos já demonstrados, cada vez mais produtores incorporem a identificação individual ao cotidiano. Além da rastreabilidade, a iniciativa oferece acesso a informações estratégicas para o manejo e abre oportunidades de regularização fundiária e ambiental com o apoio dos Escritórios Verdes, que hoje atuam em quatro municípios paraenses.