Na contramão das aves de postura ou corte que dominam os quintais rurais, uma nova estrela emplumada vem chamando atenção pelo tamanho diminuto e pelo valor surpreendente. Com apenas 15 centímetros de altura e peso que não passa de 500 gramas, a Serama é reconhecida como a menor galinha do mundo — e, curiosamente, uma das mais valorizadas no mercado ornamental.
Originária da Malásia, a Serama não é apenas uma galinha pequena. Ela é o resultado de um cruzamento seletivo entre a robusta raça Bantam malaia e a delicada variedade japonesa Chabo. O experimento, conduzido na década de 1970 pelo avicultor Wee Een, deu origem a uma ave que reúne três traços inconfundíveis: tamanho compacto, postura altiva e elegância natural.
“O nome Serama vem de ‘Rama’, uma homenagem aos antigos reis tailandeses, justamente por essa imponência que ela transmite mesmo sendo tão pequena”, explica o zootecnista e criador Rodrigo Simões, que atua com raças ornamentais no interior de Minas Gerais.

Além do visual encantador — com peito projetado, asas apontadas para baixo e penas que variam entre tons clássicos e padrões raros —, a Serama é criada principalmente como animal de estimação. Não por acaso, ela se tornou tendência entre apaixonados por aves exóticas e pequenos criadores urbanos.
“Ela é dócil, silenciosa, se adapta bem a ambientes internos e interage com os humanos. Isso transforma a experiência de criação em algo mais afetivo e menos rural”, aponta a veterinária especializada em aves ornamentais, Luciana Noronha, que acompanha o crescimento da raça no Brasil desde 2015.
Raça rara que movimenta cifras altas
Mas tanto encanto cabe no bolso? Nem sempre. Um exemplar da Serama pode custar entre R$ 1 mil e R$ 3,5 mil, dependendo da linhagem, do padrão genético e do grau de raridade. As variações brancas puras, por exemplo, são altamente valorizadas em feiras e leilões especializados. Já os ovos férteis — destinados a quem deseja iniciar uma criação — também impressionam: uma dúzia pode chegar a R$ 3 mil, principalmente quando há certificação de procedência.

Segundo Rodrigo Simões, a valorização está atrelada à dificuldade de manter as características originais da raça e à baixa produção de ovos. “São aves pequenas, que botam menos e precisam de seleção rigorosa para preservar a morfologia. Isso torna o processo mais demorado, o que impacta no preço final”, explica o zootecnista.
Do trono malaio aos quintais brasileiros

Embora criada há mais de 50 anos na Ásia, a Serama só chegou oficialmente ao Brasil em 2014. Desde então, ganhou espaço em criatórios especializados e despertou curiosidade em feiras agropecuárias, exposições e grupos de criadores. A estética é um dos atrativos principais, mas o comportamento também encanta. As aves são tranquilas, vivem bem em pequenos espaços e têm uma relação quase simbiótica com os donos — algumas até sobem no colo e dormem no ombro.