Enquanto o Brasil enfrentava um cenário de retração nas exportações de carne de peru, o Paraná seguiu em direção oposta. Nos sete primeiros meses de 2025, o estado registrou um crescimento de 5,5% em volume de embarques, ampliando sua presença no mercado internacional, mesmo em um momento desafiador para a cadeia avícola nacional. Em contraste, a média brasileira no mesmo período foi de queda de 11%.
Esse desempenho positivo também se refletiu na receita cambial, que saltou de US$ 17,93 milhões para US$ 21,75 milhões, representando um aumento expressivo de 21,3%. Os dados são do Agrostat Brasil, plataforma oficial de estatísticas do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), e colocam o Paraná como o estado com o melhor desempenho percentual em 2025 no setor de carne de peru.
Produção nacional em desaceleração, com o Paraná na contramão
Ao todo, o Brasil exportou 30.141 toneladas de carne de peru entre janeiro e julho de 2025, gerando uma receita de US$ 81,83 milhões. Em 2024, no mesmo intervalo, o volume foi maior: 33.851 toneladas, com retorno de US$ 83,91 milhões. A queda nos números nacionais evidencia um desaquecimento nas vendas internacionais, especialmente devido à oscilação da demanda global e variações no custo de produção.
O Paraná, no entanto, manteve seu ritmo de crescimento. Em 2024, o estado havia exportado 7.244 toneladas, contra 7.642 toneladas neste ano — um incremento que garantiu sua posição como terceiro maior exportador do país, atrás apenas de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A diferença é que, ao contrário dos demais, apenas o Paraná apresentou crescimento no volume embarcado.
Santa Catarina e Rio Grande do Sul enfrentam retração
Santa Catarina, tradicionalmente o maior exportador da proteína no Brasil, enfrentou uma queda de 8,5% no volume: de 14.537 toneladas em 2024 para 13.300 toneladas em 2025. Curiosamente, o estado catarinense conseguiu aumentar sua receita em 8,9%, saltando de US$ 35,52 milhões para US$ 38,69 milhões, o que sugere um aumento no preço médio do produto exportado.
Já o Rio Grande do Sul teve um recuo ainda mais acentuado. O volume de carne de peru embarcada caiu 25,6%, de 12.051 toneladas para 8.962 toneladas, o que também impactou significativamente a receita, que caiu de US$ 30,38 milhões para US$ 20,83 milhões, uma retração de 31,4%.
Destinos da carne de peru brasileira em 2025
Os embarques do Brasil tiveram como principais destinos México, Chile, África do Sul, Países Baixos e Peru, com destaque para o mercado mexicano, que absorveu 4.529 toneladas da proteína. Na sequência, o Chile importou 3.129 toneladas, enquanto a África do Sul ficou com 2.734 toneladas. Países europeus como os Países Baixos também aparecem na lista, com 2.062 toneladas, seguidos de perto pelo próprio Peru, com 2.039 toneladas.
A diversificação dos destinos e o crescimento em mercados estratégicos ajudaram o Paraná a manter a rota de expansão. Ainda que o país não esteja entre os maiores produtores globais de carne de peru, o Brasil ocupa posição relevante nas exportações, especialmente com nichos de mercado que valorizam o padrão sanitário e a qualidade da produção nacional.
Fatores que explicam o bom desempenho do Paraná
Entre os fatores que podem ter contribuído para o desempenho superior do Paraná estão a eficiência produtiva, a estrutura logística competitiva e a capacidade de atender com agilidade mercados exigentes, inclusive durante períodos de oscilação cambial. A produção paranaense de carne de peru tem se consolidado em polos agroindustriais que combinam tecnologia, rastreabilidade e integração com pequenos produtores.
Além disso, o estado segue estratégias agressivas de consolidação de mercado externo, especialmente em acordos bilaterais e ampliação de habilitações sanitárias junto a países da América Latina, Europa e África. Essa postura proativa pode estar contribuindo para a manutenção — e até crescimento — da competitividade do produto paranaense.