A tradicional Expointer, realizada no Parque Assis Brasil, em Esteio (RS), recebe pela primeira vez uma representante de uma das raças bovinas mais promissoras da atualidade: a Greyman. A presença da terneira Guarita TEG 003, nascida em fevereiro deste ano, marca a estreia oficial da raça no evento e simboliza um novo capítulo para a pecuária de corte no Brasil.
Com pelagem acinzentada e peso que já ultrapassa os 190 quilos, o exemplar exibe as principais características que tornaram o Greyman um destaque em diversos sistemas produtivos ao redor do mundo.
Raça sintética que une desempenho e docilidade
Fruto de um cruzamento intencional entre o zebuíno Brahman e o taurino Murray Grey, o Greyman surgiu na Austrália na década de 1970, com o objetivo de unir o que havia de melhor em cada uma das raças. De um lado, a rusticidade, a resistência a climas extremos e a adaptabilidade do Brahman; do outro, a qualidade da carne do Murray Grey, reconhecida por seu elevado marmoreio e baixa gordura subcutânea.
Essa combinação genética gerou um bovino com notável equilíbrio funcional: animais de porte médio a grande, pelagem curta e variando entre prata e cinza-escuro — tonalidade que oferece proteção natural contra a radiação solar intensa, algo essencial em regiões tropicais. A estrutura corporal favorece o ganho de peso e a conversão alimentar, enquanto o temperamento dócil facilita o manejo em propriedades de diferentes perfis.
Adaptação ao Brasil e vantagens produtivas
Apesar de ter origem australiana, a raça já vem sendo trabalhada em solo brasileiro, com rebanhos presentes em estados como Rondônia, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina. Sua flexibilidade genética permite que a proporção entre Murray Grey e Brahman seja ajustada conforme as condições regionais: maior teor de Brahman em áreas quentes e áridas, mais influência Murray Grey em regiões de clima ameno, como o Sul do país. Essa plasticidade amplia o potencial do Greyman para integração em sistemas rotacionados, confinamento ou produção extensiva.
Outro ponto que vem chamando atenção dos produtores é a fertilidade das fêmeas e sua habilidade materna. Além de úberes bem conformados e boa produção de leite, elas demonstram vigor no aleitamento e geram bezerros saudáveis com excelente curva de crescimento. O couro espesso e a pelagem lisa também conferem uma resistência superior a ectoparasitas, reduzindo os custos com tratamentos e melhorando o bem-estar animal — um atributo cada vez mais valorizado pela pecuária moderna.
Carne de excelência e interesse do mercado premium
A principal estrela do Greyman, no entanto, está na carne. Com alto grau de marmoreio e suculência, mas com menor teor de gordura sob a pele, o produto final atende aos padrões exigidos por mercados gourmet e consumidores que buscam cortes nobres. O perfil genético também contribui para maior resistência a verminoses gastrointestinais, o que, aliado à eficiência alimentar, resulta em um sistema mais rentável e sustentável.
Não à toa, a expectativa em torno da raça durante a 48ª edição da Expointer, que reúne mais de seis mil animais de diferentes espécies, é alta. A chegada do Greyman ao evento não apenas apresenta uma nova alternativa para os pecuaristas brasileiros, mas também reforça a tendência de buscar raças que unam desempenho produtivo, adaptabilidade ambiental e qualidade de carne.