O capim-tanzânia (Panicum maximum cv. Tanzânia) é um dos forrageiros tropicais mais cultivados no Brasil, especialmente em sistemas de pecuária de corte e leite a pasto. Reconhecido pelo alto potencial produtivo, pela qualidade da forragem e pela boa adaptação ao clima tropical, esse capim pode ser a chave para elevar a rentabilidade das propriedades.
Entretanto, seu desempenho depende diretamente de práticas adequadas de manejo, adubação e controle de lotação. Quando conduzido sem esses cuidados, a planta perde vigor, reduz o perfilhamento e compromete tanto a produção de carne quanto de leite.
O potencial produtivo do capim-tanzânia
Originário da África, o tanzânia se destaca por sua elevada produção de matéria seca e por apresentar excelente qualidade nutritiva, com altos teores de proteína bruta e boa digestibilidade. Em condições ideais, pode chegar a 30 toneladas de matéria seca por hectare ao ano, desde que receba nutrição e descanso adequados. De acordo com o engenheiro agrônomo Carlos Barbosa, pesquisador em pastagens tropicais, esse capim é especialmente interessante para sistemas intensivos de produção.
“Com manejo de adubação correto, é possível sustentar lotações acima de 4 UA/ha, garantindo boa oferta de forragem durante praticamente todo o ano”, afirma.
Além disso, a estrutura da planta favorece a colheita pelo animal, especialmente quando respeitados os períodos de descanso e de reentrada. O uso estratégico do tanzânia pode proporcionar ganhos de peso diário acima da média nacional, tanto em sistemas de recria quanto na terminação.
Manejo de pastejo e adubação do pasto
O sucesso do tanzânia está ligado diretamente à forma como o pastejo é conduzido. O ideal é que o pasto seja manejado entre 25 e 35 cm de altura para entrada dos animais e mantido em torno de 15 a 20 cm após a saída. Esse controle evita o superpastejo, que enfraquece a planta, e também impede o excesso de material fibroso, que reduz a qualidade nutricional da forragem.

Outro ponto essencial é a adubação de pasto. A planta responde bem a solos corrigidos e ricos em nitrogênio. O engenheiro agrônomo Ricardo Tavares, consultor em sistemas de produção intensiva, reforça: “O capim-tanzânia é exigente em fertilidade. Investir em calagem e em adubações regulares com NPK é indispensável para garantir longevidade da pastagem e retorno econômico.” O uso de fontes orgânicas, como esterco curtido ou compostagem, pode complementar a adubação mineral e favorecer a microbiota do solo, criando um ambiente mais equilibrado para o desenvolvimento da forragem.
Produção de leite e carne a pasto
A principal vantagem desse capim para a pecuária está na possibilidade de reduzir custos com suplementação, já que a forragem bem manejada oferece níveis satisfatórios de proteína e energia. Em sistemas de produção de leite, por exemplo, vacas em lactação podem alcançar bons desempenhos apenas com o fornecimento de minerais e ajustes estratégicos de concentrado, dependendo da qualidade da pastagem.
Já na pecuária de corte, o uso do tanzânia possibilita maior ganho de peso diário e encurtamento do ciclo de produção, favorecendo a terminação precoce.
Cuidados para manter a longevidade do pasto
Apesar da rusticidade, o tanzânia exige atenção para não perder produtividade ao longo dos anos. Entre os principais cuidados estão o controle de plantas invasoras, o respeito aos períodos de descanso e o ajuste da taxa de lotação. Quando o pasto é mantido em equilíbrio, a rebrota é mais rápida, o perfilhamento é maior e a persistência da área é garantida.
Outro aspecto relevante é a adaptação ao clima. Embora seja uma planta rústica, o tanzânia sofre em períodos prolongados de seca. Assim, práticas como a integração lavoura-pecuária ou o uso de irrigação em regiões estratégicas podem ampliar a produção e reduzir os riscos.