Em um movimento que redesenha o mapa global das exportações brasileiras de carne bovina, o México tornou-se, pela primeira vez, o segundo maior destino do produto nacional em 2025, atrás apenas da China. O avanço acontece em meio a uma reconfiguração no comércio internacional provocada por medidas tarifárias dos Estados Unidos, que abriram caminho para o crescimento acelerado das compras mexicanas.
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o volume embarcado para o México saltou de 3,1 mil toneladas em janeiro para expressivas 16,1 mil toneladas em junho. No acumulado do semestre, o crescimento chega a 420%, resultado suficiente para desbancar os Estados Unidos da vice-liderança no ranking. A guinada mexicana foi impulsionada por uma combinação de fatores logísticos e geopolíticos, mas teve como principal catalisador a imposição de uma tarifa adicional de 50% sobre a carne brasileira pelo governo norte-americano em julho.
Redirecionamento de embarques aquece o mercado mexicano
A decisão dos EUA, vista como um entrave às exportações para aquele mercado, forçou o redirecionamento de aproximadamente 30 mil toneladas de carne brasileira. Parte desse volume encontrou no México um novo e promissor destino. Só no primeiro semestre, as compras mexicanas acumularam um aumento de 187,1%, consolidando uma tendência de aproximação comercial entre os dois países. Em valores, as exportações para o México saltaram de US$ 15,5 milhões em janeiro para US$ 89,3 milhões em junho, com destaque para os cortes frescos — que têm maior valor agregado e chegam a custar 20% mais que os congelados.
Ao mesmo tempo, a China manteve sua posição como principal importador da proteína, com demanda estável e robusta. Em junho, os chineses adquiriram 134,4 mil toneladas de carne bovina brasileira, movimentando US$ 739,9 milhões — praticamente 60% de toda a receita gerada com o produto naquele mês.
Exportações em alta sustentam o agronegócio
O bom desempenho das exportações de carne bovina ajudou a impulsionar os números gerais do agronegócio brasileiro. Em junho, o setor movimentou US$ 1,3 bilhão com vendas externas da proteína, totalizando 241 mil toneladas embarcadas. O resultado representa uma alta de 3% nas exportações do agro, num momento em que o setor busca ampliar mercados e reduzir a dependência de grandes compradores.
Dados preliminares de julho indicam que essa expansão deve continuar: as exportações totais de carne bovina cresceram 56,5% em comparação com o mesmo período de 2024. A diversificação dos destinos — com o México agora entre os três principais compradores, ao lado de China e Japão — fortalece a resiliência da cadeia produtiva em um cenário global marcado por incertezas, disputas comerciais e mudanças geopolíticas.