Com as escalas de abate praticamente completas até o final do mês, os frigoríficos operam com conforto e sem necessidade de elevar os preços. Esse panorama, aliado ao aumento de ofertas via contratos a termo, tem colocado uma pressão crescente sobre o mercado do boi gordo, que encerra a semana com tom negativo e sem sinais de reversão no curto prazo.
Segundo avaliação da consultoria Safras & Mercado, a conjuntura atual não oferece espaço para recuperação. A tendência é de continuidade no movimento de baixa, o que reforça o ambiente de cautela entre os produtores. “Os frigoríficos seguem pressionando por preços menores”, aponta a análise.
Cotações da arroba seguem em queda nos principais estados
Nas principais praças pecuárias do país, os preços da arroba do boi gordo já refletem esse cenário de retração. Em São Paulo, a arroba fechou a semana a R$ 308,58, enquanto em Goiás o valor caiu para R$ 295,36. Em Minas Gerais, o mercado operou com a arroba a R$ 292,94, e no Mato Grosso, a cotação se manteve em R$ 301,89. O Mato Grosso do Sul registrou o maior valor entre os estados citados, com R$ 321,02.
A acomodação dos preços também foi observada no mercado atacadista da carne bovina, onde a demanda mais fraca e a concorrência com proteínas alternativas, como o frango, continuam pesando sobre a formação dos preços.
Carne bovina perde espaço e preços ficam estáveis no atacado
Na última sexta-feira, os cortes bovinos mantiveram estabilidade nos preços, com destaque para o quarto traseiro, que segue cotado a R$ 24,10 o quilo. Já o quarto dianteiro permanece em R$ 18,00/kg, e a ponta de agulha se mantém em R$ 17,10/kg.
A possibilidade de reajustes significativos nos valores da carne bovina é considerada remota, especialmente na segunda metade do mês, quando a reposição de estoques no varejo é tradicionalmente mais contida. Nesse contexto, o frango tem se destacado como uma alternativa mais competitiva na cesta de proteínas do consumidor brasileiro, o que reforça a pressão sobre o boi gordo.
No câmbio, a moeda norte-americana encerrou a semana em baixa de 0,70%, sendo vendida a R$ 5,3536. Ao longo do dia, o dólar oscilou entre R$ 5,3442 na mínima e R$ 5,4067 na máxima. No acumulado da semana, a desvalorização foi de 1,13%.
Embora o recuo do dólar represente um alívio nos custos de importação de insumos e possa beneficiar o setor em médio prazo, sua influência imediata sobre o mercado do boi gordo é limitada. Isso porque os fundamentos que determinam o valor da arroba neste momento seguem ligados à oferta elevada, à pressão da indústria frigorífica e à desaceleração no consumo doméstico.