Resumo
A Assembleia Legislativa do Paraná realiza uma audiência pública para debater a crise no preço do leite e buscar soluções para fortalecer a cadeia leiteira do Estado.
A principal preocupação é a concorrência desleal do leite em pó importado e reidratado, que tem derrubado o valor pago ao produtor rural local.
O deputado Luis Corti defende a aprovação do projeto de lei que proíbe a venda de leite fluido a partir de leite em pó, como forma de proteger o produtor paranaense.
Luciana Rafagnin alerta que pequenos produtores estão no prejuízo e propõe que o Estado compre leite diretamente das famílias para abastecer serviços públicos.
A mobilização conta com apoio de parlamentares, governo e entidades, e busca políticas permanentes para garantir dignidade e renda justa aos produtores de leite.
O setor leiteiro do Paraná atravessa um momento crítico. O preço do litro despencou nos últimos meses, os custos de produção seguem elevados e milhares de famílias que vivem da atividade acumulam prejuízos que ameaçam sua permanência no campo. É nesse cenário que a Assembleia Legislativa do Paraná promove, nesta terça-feira (21), uma audiência pública decisiva, com o objetivo de debater a crise e propor alternativas concretas para socorrer os produtores e fortalecer a cadeia leiteira do Estado.
O encontro acontece às 9h no Plenário da Casa e foi articulado pelos deputados estaduais Luis Corti (PSB), Reichembach (PSD) e Luciana Rafagnin (PT). A expectativa é de uma mobilização expressiva, com a presença de representantes do governo, entidades de classe e produtores de todas as regiões do Paraná. A meta é clara: ouvir quem vive da produção leiteira e construir caminhos para enfrentar a concorrência desleal do leite em pó reconstituído, que tem invadido o mercado brasileiro com preços abaixo do valor praticado no campo.
Aliás, essa prática tem sido um dos principais pontos de crítica do setor produtivo. De acordo com os organizadores da audiência, a importação de leite em pó de países do Mercosul — que depois é reidratado e comercializado como leite fluido — vem prejudicando diretamente os produtores locais, ao oferecer um produto mais barato e desestimular a produção nacional.
“A audiência é um marco na luta por um preço justo e por respeito ao trabalho de quem vive do leite. Quero ver o plenário lotado, com produtores mostrando a força do setor. Esse é o momento de mobilização total”, afirma o deputado Luis Corti, que é autor do Projeto de Lei nº 888/2023, que proíbe a comercialização de leite fluido a partir de leite em pó reidratado. A proposta já avançou nas comissões de Constituição e Justiça e de Agricultura e segue em tramitação na Assembleia.
Agricultura familiar em risco e a urgência de políticas públicas permanentes
Entretanto, a crise não afeta todos da mesma forma. Quem mais sofre com a queda de preços são os pequenos produtores, especialmente aqueles que têm no leite a principal fonte de renda da propriedade. Segundo a deputada Luciana Rafagnin, líder do Bloco da Agricultura Familiar, o impacto é devastador para famílias que antes viam na atividade uma renda complementar e hoje dependem totalmente dela para sobreviver.
“O custo de produção é alto e o valor pago pelo leite é cada vez menor. O produtor trabalha no vermelho, sem saber sequer quanto vai receber, pois só conhece o valor 30 dias após a entrega”, denuncia Rafagnin. Para ela, o Estado precisa assumir um papel mais ativo e propõe que o Governo do Paraná amplie a compra direta de leite para abastecer creches, escolas e hospitais, garantindo uma renda mínima às famílias produtoras.
Além disso, a deputada defende a criação de uma política permanente para o setor leiteiro, com mecanismos de proteção de preços e incentivo à produção local. A instabilidade atual, segundo ela, desestimula novos investimentos e gera um êxodo silencioso de produtores, que abandonam a atividade por não conseguirem se sustentar.
Cadeia produtiva fragilizada exige união entre Estado, produtores e indústrias
A cadeia leiteira do Paraná, uma das maiores do país, emprega milhares de pessoas e movimenta a economia de dezenas de municípios. Mesmo assim, vem enfrentando dificuldades há mais de duas décadas, sem que uma solução definitiva tenha sido alcançada. O deputado Wilmar Reichembach, que coordena a Frente Parlamentar de Apoio à Cadeia Produtiva do Leite, reforça a importância da união de esforços para que o setor volte a ser sustentável.
“Os produtores de leite têm amargado prejuízos incalculáveis. Precisamos unir forças com os produtores, com o Governo do Estado e o Governo Federal para buscar soluções efetivas. Só assim quem produz conseguirá se manter de forma justa e digna na atividade”, defende o parlamentar.
A audiência desta semana retoma os debates iniciados em encontros anteriores na Assembleia, que reuniram deputados, representantes de prefeituras e lideranças do campo. A diferença, agora, é que o tema ganha fôlego político e técnico, com a tramitação de projetos e o engajamento de diferentes frentes parlamentares em defesa do leite paranaense.
Serviço:
Audiência pública “Crise no Preço do Leite”
Data: Terça-feira, 21 de outubro
Horário: 9h
Local: Plenário da Assembleia Legislativa do Paraná – Palácio das Araucárias, Curitiba
Proponentes: Deputados Luis Corti (PSB), Reichembach (PSD) e Luciana Rafagnin (PT)
Transmissão ao vivo: TV Assembleia e redes sociais oficiais da Assembleia Legislativa do Paraná



