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Paisagismo

Voltou de viagem e encontrou a planta murcha? Veja como saber se ainda há chance de recuperação

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Voltou de viagem e encontrou a planta murcha? Veja como saber se ainda há chance de recuperação

Voltar para casa depois de um período fora costuma trazer alívio, mas, para quem cultiva plantas, o reencontro pode ser frustrante. Vasos com folhas secas, caules pendentes e aparência sem vigor costumam gerar a sensação imediata de perda definitiva. Entretanto, na maioria dos casos, o aspecto abatido não significa que a planta esteja morta. Com observação cuidadosa e intervenções corretas, muitos exemplares conseguem se recuperar gradualmente.

Segundo o engenheiro-agrônomo Ronan Machado Pereira, coordenador do curso de Engenharia Agronômica do Centro Universitário de Jaguariúna (UniFAJ), o erro mais comum é considerar a planta morta apenas pela aparência externa. “Folhas secas ou murchas nem sempre indicam morte. O principal indicativo está nos tecidos estruturais, especialmente no caule e nas raízes”, explica.

Como identificar se a planta ainda está viva

A avaliação correta começa pelo caule. Ao fazer uma leve raspagem com a unha ou com uma lâmina, a presença de tecido interno verde e levemente úmido indica que ainda há atividade fisiológica. Em contrapartida, quando o caule se apresenta totalmente marrom, oco ou quebradiço, o sistema vascular já não funciona mais. As raízes também revelam muito sobre o estado da planta.

Raízes firmes e claras, com tonalidade esbranquiçada ou amarelada, indicam viabilidade, enquanto raízes escuras, moles e com odor desagradável sugerem apodrecimento avançado. Além disso, a presença de brotos discretos ou gemas latentes, mesmo que pouco visíveis, é um sinal claro de que a planta ainda mantém reservas suficientes para reagir.

“Muitas espécies entram em um estado de dormência induzido pelo estresse hídrico, o que dá a falsa impressão de morte”, completa Ronan.

Primeiros cuidados para iniciar a recuperação

Confirmada a viabilidade da planta, o passo seguinte é restabelecer o equilíbrio hídrico, sempre de forma gradual. Plantas desidratadas não devem ser encharcadas de uma só vez, pois isso pode agravar o estresse radicular.

“Quando o substrato está extremamente seco, a imersão parcial do vaso em água por alguns minutos ajuda a reidratar o solo de maneira uniforme, sem choque”, orienta o engenheiro-agrônomo.

A poda de limpeza também desempenha papel fundamental nesse processo. Remover folhas secas, ramos comprometidos e partes totalmente danificadas reduz a perda de água e direciona a energia da planta para os tecidos ainda ativos.

A paisagista Catê Poli alerta que esse cuidado precisa ser feito com delicadeza. “O ideal é cortar as folhas secas com uma tesoura de poda bem limpa, nunca puxar. Isso evita ferimentos desnecessários que atrasam a recuperação”, explica.

Luz, ambiente e tempo de resposta da planta

Após a limpeza e a correção da rega, o ambiente onde a planta será mantida faz toda a diferença. Locais com boa luminosidade indireta ajudam na retomada da fotossíntese sem aumentar o estresse. A exposição direta ao sol, nesse momento, costuma intensificar a perda de água e comprometer ainda mais o equilíbrio fisiológico.

A adubação, por sua vez, deve ser encarada com cautela. Ambos os especialistas reforçam que fertilizantes só devem ser aplicados quando surgirem sinais claros de recuperação, como o aparecimento de novas folhas ou brotações. Mesmo assim, as doses devem ser leves. Plantas debilitadas apresentam baixa capacidade de absorção, e o excesso de nutrientes pode causar queimaduras nas raízes.

Erros comuns que comprometem a recuperação

Na tentativa de salvar rapidamente a planta, muitos acabam adotando práticas que aceleram sua perda. Um dos equívocos mais frequentes é o excesso de água aliado à drenagem inadequada.

“A planta precisa que o excesso de água escoe. Se ela ficar encharcada, ocorre o apodrecimento das raízes, e aí o dano se torna irreversível”, alerta Catê Poli.

Outro erro recorrente é a adubação precoce, feita antes que o sistema radicular esteja funcional novamente. A exposição direta ao sol também é prejudicial nesse estágio, assim como mudanças constantes de local e o uso indiscriminado de produtos chamados de “revitalizantes”, muitas vezes aplicados sem diagnóstico adequado.

“Essas intervenções aleatórias aumentam o estresse fisiológico e atrasam o processo natural de recuperação”, complementa Ronan.

Como evitar que as plantas sofram durante viagens futuras

Embora o cenário pós-viagem possa ser desanimador, a maioria desses problemas pode ser evitada com planejamento prévio. Antes de sair, é essencial realizar uma irrigação equilibrada, sem excessos, e reposicionar as plantas em locais com luz difusa e menor circulação de ar, reduzindo a transpiração.

Evitar podas e adubações próximas à viagem também ajuda, pois diminui a demanda hídrica da planta durante a ausência dos moradores. Agrupar vasos cria um microclima mais úmido, enquanto pratos com água e argila expandida auxiliam na manutenção da umidade ambiental. Sistemas simples de irrigação por gotejamento, inclusive versões caseiras, são alternativas eficientes para períodos curtos. Em viagens mais longas, contar com alguém de confiança para monitorar a rega ainda é a solução mais segura.

Como reforça Ronan Machado Pereira, “a recuperação de uma planta exige observação, paciência e respeito ao tempo biológico da espécie”. Muitas vezes, o que parece perda definitiva é apenas uma pausa forçada, à espera das condições certas para recomeçar.

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    Sou Cláudio P. Filla, formado em Comunicação Social e Mídias Sociais. Atuo como Redator e Curador de Conteúdo do Agronamidia. Com o apoio de uma equipe editorial de especialistas em agronomia, agronegócio, veterinária, desenvolvimento rural, jardinagem e paisagismo, me dedico a garantir a precisão e a relevância de todas as publicações.

    E-mail: [email protected]