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Agro

Conab escoa 64,7 mil t de trigo e reforça apoio ao arroz em novos leilões

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Conab escoa 64,7 mil t de trigo e reforça apoio ao arroz em novos leilões

A manhã desta quarta-feira (24) trouxe um recado direto para quem acompanha o ritmo do mercado de grãos no Sul do país: quando o preço aperta e o produtor precisa de saída, o instrumento certo não é “milagre”, é mecanismo. Em novos leilões de incentivo ao escoamento, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) negociou apoio para retirar 64,7 mil toneladas de trigo e cerca de 16,88 mil toneladas de arroz, combinando modalidades que premiam a comercialização e garantem que o produto chegue a destinos definidos, reduzindo a pressão local sobre preços e armazenagem, sem desorganizar a oferta nacional.

O resultado mais simbólico do dia foi o trigo: o volume negociado correspondeu a 100% do total ofertado pela Companhia, um sinal de que a demanda pelo incentivo encontrou aderência imediata entre os participantes e que, naquele momento, o mercado estava disposto a cumprir as regras do jogo para tirar o cereal do ponto de estrangulamento.

O que os leilões medem, na prática: velocidade de saída e sustentação de renda

Os leilões públicos da Conab dentro da Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) funcionam como uma alavanca de organização de fluxo. Em vez de atuar “contra” o mercado, a lógica é atuar “com” o mercado, mas corrigindo desequilíbrios que se formam quando há concentração regional de oferta, custos logísticos altos ou descompasso entre a necessidade de venda do produtor e a capacidade de compra imediata do canal.

É nesse ponto que entram os prêmios. O Pepro (Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural) se estrutura para fazer o incentivo chegar ao produtor, estimulando a comercialização quando os preços precisam de sustentação. Já o PEP (Prêmio para Escoamento de Produto) opera como estímulo para que compradores, indústrias e comerciantes façam o produto circular até os destinos previstos, ajudando a “destravar” a retirada do grão. Assim, o foco deixa de ser apenas o valor na porteira e passa a incluir o caminho completo: quem compra, para onde leva, em qual prazo, e com qual comprovação.

Trigo: 100% da oferta negociada e volume total acima do previsto

No trigo, o apoio ao escoamento das 64,7 mil toneladas negociadas nesta quarta (24) ocorreu por meio de Pepro, e o dado chama atenção porque significa que tudo o que a estatal colocou na mesa encontrou arremate. Além disso, a Conab já havia realizado outra rodada na segunda-feira (22), quando 170,68 mil toneladas do cereal foram negociadas em operações de suporte ao escoamento.

Somados, os dois momentos elevam o apoio total assegurado para 235,38 mil toneladas de trigo. E há um detalhe que dá a dimensão da dinâmica do leilão: o volume efetivamente atendido ficou 36,85 mil toneladas acima do previsto inicialmente, movimento atribuído ao deságio nas operações, que abre espaço para ampliar a quantidade amparada sem ultrapassar o limite de recursos desenhado para a política. Em outras palavras, o incentivo “rendeu mais” do que o planejamento original permitia, e isso virou volume extra atendido.

Arroz: prêmio majoritariamente para o produtor e avanço no total já apoiado

No arroz, a fotografia do leilão desta quarta (24) mostra uma distribuição clara. Do total negociado para o grão, 16,75 mil toneladas foram apoiadas por meio de Pepro, direcionando o prêmio diretamente aos agricultores, enquanto 125 toneladas foram arrematadas via PEP por indústrias e comerciantes.

Esse recorte é importante porque sugere o papel que a Conab buscou enfatizar na rodada: priorizar o estímulo ao produtor num cenário em que o escoamento precisa acontecer, mas a renda rural também precisa de um piso funcional. Com o volume desta manhã, o apoio total ao escoamento de arroz chega a 213,15 mil toneladas, já que a Companhia havia garantido anteriormente incentivo à remoção de 196,28 mil toneladas, às quais se somam as 16,88 mil toneladas negociadas agora.

O “pós-leilão” é onde a política se concretiza: análise, comprovação e pagamento

Depois do martelo, começa a etapa menos visível — e mais decisiva — para que o incentivo se transforme em resultado real. A Conab informou que vai analisar a regularidade cadastral dos participantes e, em seguida, publicará os nomes dos arrematantes. Na sequência, serão emitidos e assinados os documentos confirmatórios da operação pela Companhia e pelas Bolsas de Mercadorias que representam os vencedores.

Os prazos também deixam claro que o incentivo não é automático: ele depende de comprovação. Os participantes precisam comprovar a comercialização do arroz até 29 de janeiro de 2026 e comprovar o escoamento do grão até 29 de maio de 2026. O pagamento do prêmio, por sua vez, ocorre após conferência de toda a documentação ligada à comercialização e ao escoamento. Assim, o mecanismo garante rastreabilidade e condiciona o recurso ao cumprimento efetivo do que foi contratado.

Recursos e amparo legal: por que isso importa para o produtor e para o abastecimento

A ação foi autorizada pelas Portarias Interministeriais nº 31/2025 e nº 32/2025, assinadas pelos Ministérios da Fazenda (MF), do Planejamento e Orçamento (MPO), do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) e pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Esses documentos definem um volume total de recursos de até R$ 167 milhões para as operações, o que amarra o incentivo a um teto orçamentário e dá previsibilidade institucional ao programa.

No desenho da Conab, leilões dentro da PGPM não são apenas uma resposta pontual a preços: são uma ferramenta para diminuir oscilações na renda, assegurar remuneração mínima e funcionar como referência para a oferta, ora incentivando, ora desestimulando a produção, enquanto ajuda a manter a regularidade do abastecimento nacional. Quando aplicados ao escoamento, como nesta quarta, o objetivo fica ainda mais concreto: aliviar gargalos regionais e permitir que o produto circule sem que o produtor precise aceitar, necessariamente, um preço “de urgência” por falta de saída logística ou excesso local de oferta.

Clique aqui para acessar os resultados dos leilões.

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    Sou Cláudio P. Filla, formado em Comunicação Social e Mídias Sociais. Atuo como Redator e Curador de Conteúdo do Agronamidia. Com o apoio de uma equipe editorial de especialistas em agronomia, agronegócio, veterinária, desenvolvimento rural, jardinagem e paisagismo, me dedico a garantir a precisão e a relevância de todas as publicações.

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