Resumo
• A nova operação da Conab destina R$ 46 milhões para ampliar a participação da agricultura familiar no abastecimento nacional.
• A iniciativa reforça estoques estratégicos e atende unidades sociais do PAA com alimentos variados e de origem regional.
• Propostas de fornecimento devem ser enviadas pelo PAANet e serão avaliadas conforme cronograma da Conab.
• Especialistas destacam que a compra direta do Estado fortalece economias locais, gera estabilidade e valoriza produtores.
• A modalidade Compra Institucional integra produção rural e políticas públicas, garantindo renda, segurança alimentar e desenvolvimento regional.
A cada safra, a agricultura familiar reforça seu papel na estrutura que sustenta a segurança alimentar do país. Entretanto, quando políticas públicas convergem para ampliar mercados, gerar renda e fortalecer comunidades, seus efeitos tornam-se ainda mais profundos. É nesse contexto que a nova operação de Compra Institucional da Conab emerge como uma ação estratégica, envolvendo cerca de R$ 46 milhões destinados a ampliar a participação de pequenos produtores no abastecimento nacional. Além de dinamizar economias locais, a iniciativa fortalece estoques destinados às ações sociais do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), impactando diretamente milhares de famílias brasileiras.
Uma operação que conecta produção local e políticas públicas de abastecimento
A iniciativa utiliza recursos administrados pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome e reforça a lógica de integração entre produção rural e equipamentos públicos de segurança alimentar. As compras contemplam uma diversidade representativa da agricultura familiar, desde arroz polido e feijão até polpas de frutas, carnes, farinha, melado de cana e produtos regionais que refletem a pluralidade agrícola do país. Esses alimentos abastecerão unidades que integram a rede do PAA, como cozinhas solidárias e estruturas de atendimento comunitário, ao mesmo tempo em que reforçam os estoques estratégicos operados pela Conab.
Para o economista rural Eduardo Bianchini, especialista em políticas de abastecimento, a amplitude da operação demonstra uma maturidade crescente do setor público. “Quando o Estado compra diretamente da agricultura familiar, ele não apenas garante comida na mesa de quem mais precisa, mas também valoriza sistemas produtivos regionais e ajuda a equilibrar mercados”, afirma. Segundo ele, a atuação da Conab “funciona como um eixo de estabilidade em momentos de oscilação de preços ou de vulnerabilidade social”.
Organização, logística e articulação entre estados
A execução da operação envolverá uma articulação nacional entre a matriz da Conab e suas superintendências estaduais, que serão responsáveis pelo acompanhamento das propostas e pela interface com cooperativas, associaiações e demais organizações formais interessadas. As entidades deverão enviar suas propostas de fornecimento pelo aplicativo PAANet – ferramenta específica criada para operações de doação –, anexando toda a documentação exigida. A classificação final das organizações, por sua vez, seguirá o cronograma estabelecido pela estatal.
Esse processo digitalizado, além de ampliar transparência, cria mais previsibilidade para as organizações rurais. Conforme explica a consultora agrária Marília Perondi, especialista em cooperativismo agrícola, “o modelo digital permite que pequenos produtores tenham acesso igualitário ao processo, reduzindo barreiras logísticas e fortalecendo o papel das cooperativas como mediadoras entre campo e políticas públicas”. Ela destaca ainda que a padronização dos critérios de avaliação “confere segurança jurídica e estabilidade para o planejamento agrícola”.
A importância da modalidade Compra Institucional para a agricultura familiar
A Compra Institucional é uma das modalidades mais robustas do Programa de Aquisição de Alimentos. Ela permite que a Conab adquira alimentos diretamente de agricultores familiares, respeitando limites de participação e preços de referência que garantem competitividade e justiça comercial. Assim, além de abastecer estruturas públicas, a modalidade é reconhecida como um importante instrumento de dinamização econômica, redução de desigualdades regionais e estímulo à produção sustentável.
Ao destinar os produtos adquiridos para equipamentos sociais e para os estoques estratégicos da estatal, a operação reforça um ciclo virtuoso: garante escoamento da produção, fortalece a renda das famílias agricultoras e amplia a oferta de alimentos de qualidade para programas sociais. Assim, a iniciativa se torna um elo essencial entre soberania alimentar, desenvolvimento rural e políticas públicas bem estruturadas.



