O ritmo das exportações de carne bovina in natura brasileira segue firme em julho, e tudo indica que o mês pode entrar para a história do setor. De acordo com dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), a média diária de embarques, registrada até o último dia 18, atingiu 12.336 toneladas. Se esse desempenho se mantiver nos próximos dias, o Brasil deve ultrapassar a marca de 280 mil toneladas exportadas, superando o recorde anterior de outubro de 2023, quando o volume totalizou 270 mil toneladas.
O cenário atual mostra que o mercado internacional segue aquecido e receptivo à proteína bovina brasileira, especialmente em destinos estratégicos como China, Hong Kong, Egito e Emirados Árabes Unidos. “Essa tendência reflete não apenas a retomada do consumo em importantes mercados, mas também a competitividade do produto brasileiro diante de outros fornecedores globais”, avalia o Cepea em boletim divulgado.
Além do aumento expressivo no volume embarcado, os preços internacionais da carne bovina também estão em alta. A média parcial de julho aponta para R$ 30.570 por tonelada, o que representa o valor mais elevado desde o fim de 2022. A valorização reforça o bom momento da cadeia exportadora, especialmente para frigoríficos que operam com foco no mercado externo.
Entretanto, no mercado interno, o comportamento é inverso. Enquanto as exportações batem à porta do recorde, os preços da carne bovina no atacado registram queda. Em São Paulo, referência para o país, a carcaça casada de boi fechou com média de R$ 21,25 por quilo, o menor patamar desde outubro do ano passado. Essa disparidade entre os mercados revela um descompasso entre a oferta interna e a dinâmica global de preços.
Segundo o Cepea, a diferença de preços pode ser explicada por fatores como o avanço da safra, que amplia a oferta de animais prontos para o abate no mercado doméstico, e uma demanda interna ainda enfraquecida pelo cenário econômico. “Enquanto o consumo interno permanece retraído, a exportação surge como a válvula de escape para equilibrar os estoques e dar sustentação aos preços no campo”, explica o centro de estudos.
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