5 plantas diferentes para colecionar e admirar

Colecionar flores incomuns é um convite para transformar o jardim em um laboratório vivo, em que formas, texturas e cores inesperadas convivem em harmonia. Aliás, escolher espécies singulares revela não apenas estilo, mas também curiosidade botânica, já que cada uma delas apresenta um padrão próprio de crescimento, uma origem marcante e cuidados específicos.

Para o biólogo Leonardo Paiva Correa, espécies exóticas são fundamentais para quem busca composições mais autorais. Ele explica que “a maioria das plantas exóticas/diferentes têm um poder natural de despertar interesse imediato, porque fogem da estética convencional e valorizam o paisagismo com personalidade”. Além disso, muitas delas trazem comportamentos fascinantes, desde adaptações à sombra até flores incomuns que parecem esculturas.

Flor-morcego (Tacca chantrieri)

A flor-morcego parece uma personagem de floresta encantada. Suas pétalas profundas, quase negras, formam uma estrutura que lembra asas abertas, complementada por longos filamentos que caem como fios delicados. O impacto visual é imediato e contrasta com folhagens verdes que iluminam sua presença.

Nativa de regiões tropicais, a Tacca chantrieri prefere ambientes quentes, úmidos e protegidos de sol intenso. Segundo a jardineira Mel Maria, entender seu comportamento natural é essencial: “É uma planta de mata fechada, que gosta de umidade, solo rico e uma luz suave, filtrada. Rega constante, mas sem encharcar, é a chave para mantê-la saudável”.

Em vasos profundos e bem drenados, a espécie se torna uma peça central na coleção de plantas exóticas. Entretanto, ela é sensível a mudanças bruscas de temperatura ou correntes de ar frio, o que pede ambientes estáveis, como varandas cobertas, interiores iluminados ou áreas sombreadas com boa umidade. Além disso, vale investir em substratos aerados, com matéria orgânica e materiais drenantes, para favorecer o vigor das raízes.

Flor-paraquedas (Ceropegia sandersonii)

A flor-paraquedas aposta no oposto: leveza, transparência e uma delicadeza que parece desenhada à mão. Suas flores tubulares têm um formato peculiar, semelhante a pequenas lanternas suspensas, com tons de verde claro que vibram sob a luz.

De origem africana, a Ceropegia sandersonii aprecia clima ameno e luminosidade generosa, mas não excessiva. Ela se desenvolve como trepadeira delicada, perfeita para vasos pendentes, estantes elevadas e suportes arquitetônicos.

Mel Maria explica que seu segredo está no substrato: “A Ceropegia precisa de drenagem perfeita. Misturas mais arenosas, combinando matéria orgânica e granulados, reduzem o risco de encharcamento e mantêm as raízes sempre arejadas”.

A rega deve ser moderada, respeitando o intervalo de secagem entre uma irrigação e outra. Em ambientes muito quentes, vale aumentar a frequência sem exagerar no volume de água. Assim, a planta responde com novas hastes e flores que descem como pequenos paraquedas coloridos.

Tillandsia barba-de-velho (Tillandsia usneoides)

A barba-de-velho é uma obra natural que desobedece a regra tradicional dos vasos. Sem precisar de substrato para prosperar, essa tillandsia epífita forma fios prateados, finos e ondulados, que crescem suspensos como se fossem uma nuvem viva.

Extremamente versátil, ela se adapta a galhos, pergolados, estruturas metálicas e até interiores iluminados com boa ventilação. Para Leonardo Paiva Correa, essa espécie é perfeita para quem gosta de experimentações no paisagismo. “A barba-de-velho permite criar arranjos tridimensionais, em que a planta flutua e ganha destaque por sua textura e movimento”, comenta o biólogo.

Ela aprecia luz intensa, porém filtrada, e gosta de ambientes naturalmente úmidos. A rega pode ser feita com borrifador ou imersão rápida, sempre deixando secar bem antes de recolocar no suporte. Além disso, áreas próximas a espelhos d’água, varandas ventiladas ou jardins sombreados costumam favorecer seu crescimento, tornando os fios mais longos e prateados com o tempo.

Cinerária marítima (Senecio douglasii)

Para quem aprecia folhagens inusitadas, a cinerária marítima é uma verdadeira joia botânica. Suas folhas recortadas exibem um tom prateado luminoso, criando contraste imediato em qualquer composição.

Originária de regiões costeiras, essa espécie prefere clima ameno, bastante luz e solos bem drenados — de preferência mais arenosos. Ela tolera ventos moderados e se adapta muito bem a canteiros elevados ou vasos ensolarados.

A jardineira Mel destaca a habilidade ornamental da planta: “A paleta prateada da cinerária é perfeita para jardins contemporâneos ou mediterrâneos. Ela valoriza flores coloridas, pedras claras e madeira natural, criando um jogo visual muito elegante”.

As regas devem ser moderadas, evitando o encharcamento. Aliás, em regiões mais úmidas, muitas vezes a chuva já supre suas necessidades hídricas. Uma poda leve nas pontas ajuda a manter o formato compacto e estimula o crescimento de novas folhas.

Albuca Frizzle Sizzle (Albuca spiralis)

A Albuca spiralis, conhecida como Frizzle Sizzle, é uma pequena escultura viva que conquista colecionadores pela originalidade. Suas folhas crescem em espirais firmes, como molas verdes que se enrolam de forma quase geométrica.

Nativa de regiões mais secas, a Albuca se comporta como uma planta bulbosa, com ciclos de crescimento bem definidos. Segundo Leonardo Paiva Correa, compreender esse ritmo é fundamental: “Durante o período ativo, ela precisa de regas cuidadosas, mantendo o substrato levemente úmido. No descanso, a rega deve diminuir muito, para permitir que o bulbo recupere energia”.

Ela gosta de sol abundante, substratos drenantes e vasos com furos amplos. Misturas com areia, pedriscos e terra leve funcionam muito bem, reduzindo o risco de apodrecimento. Além disso, sua floração — delicada, em tons de amarelo esverdeado e com perfume suave — torna a planta ainda mais encantadora quando integrada a uma coleção.

Em prateleiras ensolaradas, mesas de cultivo ou varandas protegidas, a Albuca se destaca como um ponto focal, convidando o olhar a se aproximar para observar suas curvas incomuns.