Resumo
• A parceria entre Ballagro e Symbiomics une bancos microbianos e plataformas tecnológicas para acelerar o desenvolvimento de novos bioinsumos.
• O acordo prevê o intercâmbio de microrganismos, permitindo análises conjuntas e combinações inéditas em uma única linha de pesquisa.
• A Ballagro passa a utilizar a plataforma da Symbiomics, capaz de identificar microrganismos de alto desempenho e reduzir o tempo de desenvolvimento de produtos.
• A Symbiomics destaca que, embora o Brasil tenha mais de 600 biodefensivos registrados, a diversidade microbiana utilizada ainda é baixa.
• A iniciativa busca ampliar essa diversidade e identificar microrganismos mais competitivos, abrindo espaço para soluções inovadoras no mercado nacional e internacional.
A busca por soluções biológicas mais eficientes no campo ganhou um novo capítulo com o acordo firmado entre a Ballagro e a Symbiomics, duas empresas brasileiras que têm se destacado no desenvolvimento de bioinsumos voltados ao controle de pragas, ao manejo sustentável e ao fortalecimento do solo.
A parceria, que une plataformas tecnológicas e bancos de microrganismos distintos, abre espaço para uma linha de pesquisa integrada capaz de ampliar a diversidade e a performance dos biodefensivos estudados no país. Assim, além de aproximar metodologias, o acordo cria condições para que novos organismos de interesse agronômico sejam avaliados de maneira mais ágil, estruturada e científica.
Uma colaboração construída para expandir horizontes tecnológicos
No centro da parceria está o intercâmbio dos portfólios microbianos de ambas as empresas. Isso significa que cada instituição passa a ter acesso à coleção de microrganismos da outra, permitindo que o material genético seja cruzado, analisado e combinado em novas frentes de pesquisa. A Ballagro, que já atua com uma linha consolidada de biológicos, passa a utilizar também a plataforma de identificação de alto desempenho da Symbiomics — uma tecnologia voltada à triagem rápida e precisa de microrganismos promissores.
De acordo com Lecio Kaneko, gerente de Desenvolvimento Estratégico da Ballagro, “a parceria com a Symbiomics vai possibilitar a exploração de novos campos, como o entendimento do DNA dos microrganismos para o desenvolvimento conjunto de uma nova geração de bioinsumos”. A integração entre os bancos biológicos não apenas amplia o universo de espécies disponíveis para estudo, como também fortalece a capacidade de identificar organismos com maior potencial de adaptação ao ambiente agrícola.
Aceleração no desenvolvimento de novos biológicos
A plataforma da Symbiomics, agora aplicada às duas coleções microbianas, foi projetada para reduzir o tempo de pesquisa e desenvolvimento de novos produtos. Como destaca Jader Armanhi, COO e cofundador da empresa, a tecnologia pode tornar o processo “de duas a cinco vezes mais rápido do que métodos tradicionais”. Isso ocorre porque a ferramenta consegue mapear características genéticas, funcionais e competitivas dos microrganismos com maior precisão, permitindo selecionar apenas os candidatos mais promissores para ensaios futuros.
Esse encurtamento dos ciclos de desenvolvimento é considerado um diferencial estratégico no setor de bioinsumos, que cresce rapidamente, mas depende de altos investimentos em pesquisa. Ao acelerar as etapas de triagem e validação, a parceria aumenta a chance de levar ao mercado soluções inéditas em menor tempo.
Um mercado amplo, porém concentrado — e a oportunidade de diversificação
O Brasil já é um dos maiores mercados mundiais de biodefensivos. Entretanto, a base microbiana utilizada nos produtos comerciais ainda é limitada. Segundo Rafael de Souza, CEO e cofundador da Symbiomics, apesar de existirem mais de 600 registros de biodefensivos microbianos no Ministério da Agricultura e Pecuária, eles se concentram em apenas 18 gêneros e cerca de 45 espécies. Essa baixa diversidade reduz o potencial de inovação e muitas vezes limita a adaptação dos biológicos a diferentes culturas, climas e desafios fitossanitários.
Para Rafael, a parceria tem papel crucial ao buscar microrganismos com alta competitividade frente à microbiota natural de plantas e solo, uma característica essencial para que um bioinsumo seja eficiente em campo. A identificação de espécies com novas funções, maior resiliência e melhor interação com o ambiente pode gerar produtos com desempenho superior e aplicabilidade tanto no Brasil quanto no exterior.
Uma iniciativa que reforça a ciência e impulsiona o agronegócio
Ao integrar conhecimento, plataformas avançadas e bancos microbianos complementares, Ballagro e Symbiomics criam um ecossistema de pesquisa capaz de transformar a forma como os bioinsumos são desenvolvidos. A proposta de combinar recursos em uma única linha de investigação amplia a competitividade do setor e fortalece o compromisso do agronegócio brasileiro com práticas mais sustentáveis, sem perder eficiência produtiva.
A expectativa é que os resultados dessa colaboração apareçam tanto na diversificação das espécies estudadas quanto na chegada ao mercado de soluções com maior capacidade de adaptação, desempenho e segurança — um avanço significativo em direção a uma agricultura cada vez mais equilibrada, científica e inovadora.



