Agro
3tentos dá início ao processamento de canola no RS com foco em biodiesel e expansão da cultura no inverno
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1 semana atrásem
Por
Claudio P. Filla
A 3tentos acaba de inaugurar um novo capítulo em sua trajetória industrial com o início do processamento de canola em sua unidade de Ijuí, no Rio Grande do Sul. A operação, que se estenderá por até três meses nesta fase inicial, marca a entrada definitiva da cultura no portfólio de matérias-primas da empresa para a produção de biocombustível. A iniciativa vem acompanhada de um aporte de R$ 60 milhões em adequações na planta, parte de um ambicioso plano de R$ 320 milhões em expansão industrial até o fim da década.
A fábrica recebeu um volume expressivo de 70 mil toneladas de canola, que será transformado em farelo e óleo vegetal, com previsão de gerar 32 mil metros cúbicos de biodiesel — número relevante para um segmento em constante busca por matérias-primas mais eficientes e sustentáveis. O óleo extraído será direcionado especialmente para abastecer o crescente mercado nacional de energia renovável.
Canola ganha protagonismo como cultura estratégica de inverno
A aposta da companhia vai além do processamento pontual. A 3tentos tem atuado de forma estruturada para ampliar a presença da canola nas lavouras gaúchas, incentivando seu cultivo como alternativa econômica viável e complementar ao trigo durante os meses de inverno. Em vez de substituir culturas tradicionais, a estratégia busca somar produtividade ao solo ocioso, favorecendo a rotação agrícola e melhorando a sustentabilidade das propriedades rurais.
João Marcelo Dumoncel, CEO da 3tentos, tem reforçado publicamente o potencial da cultura para o setor de energia e como vetor de desenvolvimento regional. Segundo ele, a companhia projeta ampliar o recebimento anual para até 100 mil toneladas de canola, com capacidade de processamento futura que pode resultar em até 40 mil toneladas de óleo — volume que irá abastecer parte da planta de biodiesel, em expansão para atingir 500 milhões de litros por ano. A meta é que, até 2026, pelo menos 10% desse total seja originado da canola.
Nova dinâmica de mercado impulsiona interesse do produtor
Um dos principais atrativos da canola neste novo cenário é sua rentabilidade crescente. Até pouco tempo atrás, a oleaginosa era comercializada com deságio de até 10% em relação à soja. Hoje, porém, o panorama se inverteu: a canola opera com prêmios de mercado que giram entre 5% e 10%, tornando-se uma opção mais vantajosa para os produtores gaúchos — especialmente quando associada ao suporte técnico, ao programa de barter com seguro agrícola e à estrutura logística oferecida pela empresa.
Com o avanço da cultura e os preços mais favoráveis, a 3tentos projeta uma expansão significativa da área plantada nos próximos ciclos. Em 2025, os cultivos de canola já ocupavam cerca de 240 mil hectares no estado. Para 2026, a expectativa é ainda mais ambiciosa: a companhia estima um crescimento que pode levar a área total para até meio milhão de hectares, reforçando o papel da cultura como eixo estratégico para a economia agrícola de inverno no sul do país.
Alta produtividade e aproveitamento industrial reforçam viabilidade da cultura
Outro dado que sustenta a estratégia da empresa é o rendimento expressivo da canola na conversão em óleo. Cada tonelada da planta pode gerar cerca de 400 quilos de óleo, quase o dobro da média obtida a partir da soja. Essa eficiência, somada ao crescimento da demanda por biocombustíveis e à necessidade de diversificação energética no Brasil, posiciona a canola como uma alternativa altamente competitiva tanto no campo quanto na indústria.
Segundo Dumoncel, o avanço da logística e dos parâmetros comerciais específicos para o grão está em fase final de ajustes, o que deve consolidar a cadeia de valor da cultura de forma ainda mais robusta. “Já temos mercado interno e externo estruturados”, declarou o executivo. A expectativa é que, com os incentivos certos, a canola deixe de ser uma cultura secundária para se tornar uma protagonista do agronegócio de inverno no país.

Sou Cláudio P. Filla, formado em Comunicação Social e Mídias Sociais. Atuo como Redator e Curador de Conteúdo do Agronamidia. Com o apoio de uma equipe editorial de especialistas em agronomia, agronegócio, veterinária, desenvolvimento rural, jardinagem e paisagismo, me dedico a garantir a precisão e a relevância de todas as publicações.
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